04 outubro 2009

MUSE - "The Resistance"

Os Muse criam sempre uma grande expectativa à sua volta. Surpreenderam meio mundo com as suas músicas no início do século, e a partir daí conseguiram ir construindo uma carreira muito sólida, baseada sempre em bons álbuns e excelentes prestações ao vivo, com Matt Bellamy a demonstrar quase sempre a sua genialidade.
Obviamente, com todo o hype que circulava em volta do novo álbum da banda, as expectativas iam sendo cada vez mais elevadas. Toda os fãs (onde eu me incluo) esperam ouvir novas masterpieces, como quase todas as músicas de "Origin of Symmetry", mais de metade das de "Absolution" e algumas dos dois restantes álbuns. Todos nós gostávamos que os melhores momentos dos Muse estivessem todos reunidos no próximo CD (no caso, este "The Resistance").

Mas Matt Bellamy e Companhia já nos habituaram a não repetir fórmulas. Todos os álbuns apresentam variações significativas uns dos outros, e este não foge à regra. Só que a experiência não terá corrido tão bem - confesso que o "Black Holes and Revelations" também não me caiu no goto - e o resultado final pode ser mais divergente nas opiniões de fãs e críticos. Assim, na generalidade, "The Resistance" não é um álbum muito consistente, nem entusiasma por aí além, salvo algumas excelentes excepções.
O problema deste álbum, penso eu, é que tentaram ser demasiado épicos. - nota-se na duração das músicas, todas superiores a 5 minutos, ou perto disso. Quiseram construir hinos da música, e acabaram por inventar onde não se inventa (as guitarradas 'à la Queen' arruinam "United States of Eurasia", uma música que eu acho que percebo onde queriam chegar - o título dá uma dica -, mas que acaba por ser mal sucedida no seu todo; "Undisclosed Desires" dá-nos um R&B que não lembra a ninguém; a "Guiding Light" falta-lhe sal, algo que a faça destacar... Esta é aliás a segunda e última música com umas guitarradas um pouco dúbias e já conhecidas por grande parte do mundo...) e não inventar quando deviam ("Uprising", uma das melhores faixas do álbum, tem personalidade mas falta-lhe o devaneio de outros tempos, o toque de genialidade; "Resistance" e "I Belong to You" são outros exemplos típicos).
De resto, além das três já referidas, aprecio bastante "Unnatural Selection", e a "MK Ultra" também tem bons sons, apesar de alguns exageros aqui e ali. As 3 partes de "Exogenesis: Symphony" são, no seu todo, o melhor do álbum, muito bom mesmo! E aqui se nota a tentativa de fazer algo épico e teatral, algo mais diferente do que já tinham feito. Aliás, vai-se notando ao longo do LP nas letras e nos temas das músicas essa tentativa (falhada, a meu ver) de fazer algo que perdure no tempo, que marque uma época.

O álbum não é nada de extraordinário, mas o anterior também não o tinha sido, não ficando este atrás, sinceramente (na minha opinião). Mas, como já disse e repito, para os Muse as expectativas vão ser sempre muito altas. Algumas das inovações correram bem (Sinfonias a ouvir e a comprovar), outras coisas sairam mal e caíram um pouco no insólito/ridículo, e no global há 2 ou 3 músicas que se poderiam considerar dispensáveis... Mas com os erros se aprende, e não será por causa de "The Resistance" que deixaremos todos de gostar dos Muse, uma das bandas que mais paixões ou ódios move na actual cena musical!

6,5/10

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