09 setembro 2010

Entre pequenos tempos livres

Não tenho tempo para nada...
Isso é bom? Não. É óptimo!

04 setembro 2010

This Is England

Atenção a este filme! Muita atenção a este filme!
"This is England" é um filme independente inglês (obviamente), que retrata o mundo skinhead, bastante proeminente naquele país, durante a década de 80. Basicamente, o filme gira à volta de um puto de 12 anos que perdeu o pai na guerra travada por aquele país com as ilhas Farkland. Como é óbvio, e estando num momento sensível da sua vida, acaba por ser influenciado por pessoas mais velhas e com visões um pouco radicais do mundo e da vida em sociedade em geral.
O filme é cru. Não é perfeito na edição, no argumento, nas falas. Mas chega onde tem que chegar, da forma que quer chegar. Nenhum extremismo é bom, e é isso que deve ser transmitido. Em alguns momentos, é possível associá-lo ao "América Proíbida", essencialmente pela temática e pela influência exercida sobre menores, numa idade em que são facilmente manipulados.
Como já disse, é um filme que merece ser visto, mas de preferência com legendas, porque o sotaque dos intervenientes é cerradíssimo e não facilita minimamente!

8/10

03 setembro 2010

Six Feet Under

"Six Feet Under" é um série criada em 2001 por Alan Ball (por exemplo, o argumentista de "American Beauty") acerca de uma família detentora de uma agência funerária e que retrata o dia-a-dia de uma mãe e três filhos depois da morte do pai - o cangalheiro inicial. À partida, esta série tinha tudo para ser banal. Porém, desenganem-se.
"Six Feet Under" é muito mais que isso. É uma série com um argumento fenomenal, interpretações soberbas e que aborda todas as temáticas da actualidade, desde a forma de lidar com a morte (ou não fosse a série centrada numa casa que realiza velórios e funerais), passando pelo mundo das drogas, da homo/bissexualidade, da adopção, do aborto, dos maus tratos... A regar tudo isto, temos um sentido de humor fantástico, a roçar o negro. 
São tudo elementos que fazem de "Six Feet Under" uma das melhores séries que já vi (sinceramente, não consigo definir a nº1), ainda para mais depois do melhor último episódio de sempre, na minha humilde opinião - não não coloco aqui a parte final, porque estragaria a série a muito boa gente.
Resumindo, não perder nunca esta série de vista. 
É genial!

31 agosto 2010

Isto é genial

Aqui está o vídeo de uma notícia banal:

E o herói da notícia tem direito a remix e tudo.
Lindo!

27 julho 2010

BROKEN SOCIAL SCENE - "Forgiveness Rock Record"

Diz-se que os Broken Social Scene foram uma das primeiras bandas a lançar o fenómeno indie fora dos States - mais propriamente no Canadá -, quando surgiram em 1999, sendo ainda compatriotas de Arcade Fire ou Wolf Parade, duas das mais prezadas bandas da cena actual. Passada já uma década, revelam-se como uma das mais consistentes, depois de três trabalhos bem acima da média.
O grande destaque da banda assenta em termos latos na composição da mesma, uma vez que menos de 10 membros associados à banda será coisa rara por aqueles lados, o que faz com que cada um dos intervenientes traga a sua individualidade para juntar ao conjunto. Isto transforma as músicas dos Broken Social Scene em composições melódicas complexas, orquestrações frequentes e indubitável qualidade.
Depois de um álbum homónimo excelente e de um "You Forgot It In People" ainda melhor, a fasquia estava muito elevada para o actual "Forgiveness Rock Record", que se apresenta com um maior trabalho de produção e, consequentemente, com uma menor crueza no seu som. A explosividade também não atinge os níveis de antigamente, mas a excelência não arredou pé, e para isso estão lá músicas como "Chase Scene" ou "Forced to Love", que não andam distantes da fenomenal "7/4 Shoreline" do álbum de 2005, por exemplo. "All to All" dá oportunidade a Feist de demonstrar os seus fantásticos dotes, numa onda mais mexida e dançável. "Ungreateful Little Father" é mais uma das excelentes músicas que compõem este álbum, seguida de uma hiper-instrumental "Meet in the Basement", a relembrar as rockalhadas mais valentes que os Broken Social Scene conseguem fazer. "Sweetest Kill" chega pouco depois em poses mais calmas para arrebatar a presença no top 3 das mais belas do álbum.
No entanto, lá pelo meio e apesar da consistência encontrada, é possível identificar músicas que acabam por não dizer tanto quando ouvidas. O facto de não encontrar músicas estupidamente perfeitas como "Lover's Spit", "Fire Eye'd Boy ou "Anthems For a Seventeen-Year-Old Girl" (só para citar algumas...) fazem com que considere o quarto álbum de originais desta banda canadiana um pouco abaixo daquilo que já produziram.
Mas ao vivo deve ser uma espectáculo e pêras!

8/10

26 julho 2010

Inception

O Verão de 2010 era muito ansiado, muito à custa do novo filme de Christopher Nolan, realizador habituado a surpreender os espectadores com as suas histórias e que tinha como último filme o grande sucesso "The Dark Knight". A juntar a isso, a inclusão de Leonardo DiCaprio - o actor que nunca tem um desempenho abaixo de "muito bom" - num elenco bastante interessante garantia, à partida sucesso. E aqui residia uma das dúvidas do filme. Seria "Inception" um blockbuster cujo único objectivo é conseguir a maior receita de bilheteira possível, sem ter em conta o conteúdo? Ter o nome de Chris Nolan grandemente associado ao projecto (é produtor, argumentista e realizador) fazia antever que não, e no final do filme a impressão ficou confirmada.
"Inception" é deste modo um filme quase perfeito, que conjuga o poder da história, da argumentação, da interpretação e dos efeitos visuais de forma a surpreender toda a gente que o vê com a sua densidade e os seus twists. É um filme que requer um estado mental na sua melhor forma, tendo em conta a complexidade do tema, mas que acaba por nos recompensar sobejamente.
"Inception" retrata basicamente a manipulação de sonhos, actuando no subconsciente das pessoas de forma a condicionar/modificar as opções da sua vida, nem que para isso se tenha que entrar em estádios de sonho demasiado profundos e até perigosos. "Inception" fala-nos do medo da perda, da vontade de regresso às origens, da necessidade de culpa, da negação e da confusão que o "mergulho" no mundo dos sonhos pode provocar.
É um filme denso, complicado e que aproveita talvez a primeira hora de filme para nos demonstrar aquilo de que trata e como trata. É a partir daí que o espectador tem que começar a jogar com toda a informação para conseguir ir compreendendo o desenrolar da história. O resto é para apreciar e jogar com os elementos que vão sendo dados. Pelo meio, há interpretações seguríssimas do já habitual DiCaprio, do surpreendente Joseph Gordon-Levitt - mais associado a filmes/séries de comédia -, ou da jovem revelação Ellen Paige, isto a juntar a alguns nomes consagrados como Michael Caine - um habitué dos filmes de Nolan - ou Ken Watanabe.
Uma nota ainda para o trabalho fantástico de Hanz Zimmer, que transforma o filme com a sua música intensa e cheia de alma.
Christopher Nolan conseguiu construir uma história original, não caindo em grandes clichés ou cópias. Conseguiu seduzir as grandes empresas cinematográficas a fazer um filme quase de autor, um filme à sua medida, bastando para tal juntar estrelas de Hollywood, efeitos especiais e alguns momentos de explosões (seriam dispensáveis? Talvez, mas não vale a pena ir por aí...), e deve receber os créditos por isso.
"Inception" é um filme para ser falado e discutido entre amigos durante horas e horas, porque momentos propícios não lhe faltam. O final então é capaz de deixar toda a gente a (des)esperar por mais, deixando assim no ar toda uma sensação de rever com maior pormenor a película!
 
É no fundo um filme à medida de uns realizadores mais jovens e mais respeitados de Hollywood, que se pode vir a transformar num verdadeiro fenómeno. Até agora, não há razões de queixa dos seus filmes.
A não perder! Definitivamente.

9/10

23 julho 2010

Mentes brilhantes são sempre bem-vindas

"O novo estatuto prevê que os alunos tenham de pagar o material que estragam. Isto é pedagógico? Não é. Se um aluno partir um vidro e for obrigado a pagá-lo, no dia seguinte parte outro e dois dias depois outro ainda. Porque a obrigação da escola não é castigá-lo, mas explicar-lhe por que é que não deve andar a partir vidros", diz um presidente de uma associação de estudantes de uma qualquer escola. A imagem dita a minha opinião:

22 julho 2010

PANTHA DU PRINCE - "Black Noise"

Pantha du Prince é o alter-ego de um produtor e DJ alemão, mais um da excelente escola germânica no que à música electrónica em geral diz respeito, e lançou no corrente ano de 2010 “Black Noise”, o seu terceiro álbum de originais – isto apesar de este ser o meu primeiro contacto com o trabalho do alemão. 
“Black Noise” é acima de tudo um disco que pretende pôr-nos a mexer com a sua electrónica e alguns resquícios de techno, dubstep ou house, em doses relativamente suaves. É desta forma que se apresentam as onze longas faixas que compõem o álbum, acompanhadas quase sempre por um baixo soturno e ambientalista a impor o ritmo e a ditar as regras. A sonoridade orgânica é presença contínua, e aqui podem encontrar-se semelhanças com Dan Deacon, essencialmente na utilização de instrumentos ou caixas de ritmos mais peculiares – e não na intensidade imprimida pelo americano –, que recheiam o álbum com algo diferente que acaba por não permitir a instalação da monotonia.
A consistência acaba por ser o ponto forte deste álbum (as duas últimas músicas, apesar de interessantes, talvez estejam um pouco desenquadradas devido à toada mais dark ambience), mas há algumas músicas incontornáveis, ou pelo menos que devem ser escutadas como forma de caracterização do álbum: “Lay in a Shimmer”, “Stick to my Side” , “A Nomads Retreat” ou “Behind Stars” são músicas muito boas, às quais se deve dar uma oportunidade (só peço uma). 
Com tudo isto, Pantha du Prince não vem revolucionar as pistas de dança do mundo, mas vem dar-lhes ritmo e bom gosto.

7/10

16 julho 2010

"O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde

E ao único romance do autor irlandês, sai uma verdadeira masterpiece e um clássico da literatura contemporânea mundial.
"O Retrato de Dorian Gray" não é mais do que uma história sobre as "magias" que um pintor de alto gabarito consegue incorporar no retrato da pessoa mais bela que alguma vez viu, um jovem de nome Dorian Gray. Não se desvendam mais pormenores, porque penso que o ideal será descobrir por nós próprios aquilo de que trata o livro. Mas este fala-nos da Alta Sociedade londrina do Século XIX, das festas, do requinte, da filosofia... Isto em termos latos.
De forma mais aprofundada, e centrando-se na personagem principal, "O Retrato de Dorian Gray" é uma reflexão profunda sobre as prioridade do homem, o amor, a morte, a inocência, a crueldade, o crime ou o sofrimento.
Com uma narrativa bem ritmada, Oscar Wilde consegue motivar e entusiasmar todos os seus leitores, deixando de lado descrições maçudas e optando por diálogos entre diferentes personagens que nos permitem conhecer o modo de pensar da nobreza inglesa da época, conhecer o seu estilo de vida.
É um interessante exercício intelectual que confronta o bem e o mal, a beleza interior e exterior, o amor sincero e interesseiro e toda a oposição de sentimentos que se possam imaginar.
Um livro que deve ser lido, porque está aqui uma grande obra!

9/10

"O Arquipélago da Insónia", de António Lobo Antunes


Acho que estou a começar a desenvolver com António Lobo Antunes uma relação de amor-ódio. Se por um lado, todos os livros dele me fazem andar um (bom) bocado à nora, é um facto que não consigo descolar das histórias, do modo de escrita, da utilização linguística.
É sem dúvida o autor que mais trabalho me dá ler. Deixar um capítulo a meio é impensável, pois todo o raciocínio - se é que ele existe! - vai por água abaixo. A forma de expor a história é sem dúvida original, uma vez que tudo acaba por ser contado tendo por base as ideias e o cérebro de cada uma das personagens (umas mais do que outras), e este livro não é excepção.
"O Arquipélago da Insónia" relata-nos a história de uma família ribatejana, espalhada por três gerações, passando por avós, pais e filhos, mas a história centra-se num dos netos, com particularidades psicológicas muito especiais que vão sendo descobertas ao longo do livro. A história é banal e recorre-se daquilo que as suas personagens se lembram e recordam aleatoriamente, sendo para tal necessária uma grande ginástica mental por parte do leitor. Mas sem dúvida que se torna empolgante ir descobrindo as personagens aos poucos, através da escrita metafórica, enigmática e em forma de puzzle que Lobo Antunes nos oferece, apesar de requerer grandes níveis de atenção que, nos primeiros capítulos, nos poderão levar à dispersão e à perda de interesse.
Este não é o melhor livro que já li dele, foi complicado de o ler, mas deixou-me, de uma forma quase que masoquista, com vontade de descobrir mais da obra de António Lobo Antunes.
 
6/10

13 julho 2010

The Road

"The Road" é (mais) uma adaptação de um livro de Cormac McCarthy ao cinema. E se nunca li um livro deste autor (grande falha minha que pretendo corrigir nos próximos tempos), o mesmo já não se pode dizer das adaptações de livros deles ao cinema, fazendo inclusive com que "No Country For Old Men" continue na minha memória como uma das grandes histórias dos últimos anos cinematográficos.
Foi então com alguma curiosidade que decidi ver este filme, que num momento inicial poderia assemelhar-se bastante a "I Am Legend", esse sucesso comercial apenas um ano mais velho (ou pouco mais).
"The Road" relata a caminhada rumo ao sul e ao oceano de pai e filho, num mundo pós-apocalíptico, que levou quase à extinção da humanidade. Os animais morreram quase todos, os meios de sustento também... Restavam poucos seres humanos, que deixavam vir ao de cima o seu lado mais negro.
O filme fala-nos da luta contra o instinto animal, fala-nos da protecção incansável de um pai ao seu filho, fala-nos de amor, de perda, de dúvida, de crescimento num mundo cruel e sem sol.
Viggo Mortensen continua a sua caminhada de afirmação no cinema. Poucos são os papéis que ele faz e que não são muito bons. Aqui, faz mais uma interpretação muito acima da média, mostrando que está vocacionado para segurar filmes de uma ponta à outra. A participação do miúdo também é bastante intensa, e os papéis (bastante) secundários também foram bem entregues.
Em relação a aspectos mais técnicos, a fotografia é excelente. Toda a envolvência do filme assenta em ambientes soturnos e aterradores, o que foi totalmente conseguido através de cenários recheados de cinzentos. Sem dúvida que dá um toque muito especial na organização global do filme.
De resto, é só visualizar e apreciar, sem no entanto estar à espera de encontrar um filme cheio de acção, apesar de ter momentos de tensão e de algum suspense.

Resumindo, não percam a oportunidade de ver este filme. "The Road" é visualmente fortíssimo, mentalmente violento e filosoficamente rico.

8/10

12 julho 2010

JOANNA NEWSOM - "Have One On Me"

Joanna Newsom é uma das meninas bonitas da música mais tradicional norte-americana. Começou muito nova e de forma adorável - não só física, como musicalmente -, mas o mais recente álbum marca de alguma forma uma diferente abordagem à sua música. Depois de um interregno algo longo, a jovem cantora decidiu-se pelo regresso, e logo com um álbum triplo, constituído por 18 músicas, totalizando uma duração de quase 2 horas. 
"Have One On Me" é por essa razão um álbum denso e difícil de escutar de seguida, apesar das belas melodias. O ideal será dividir a sua apreciação por CD, o que facilita a afeição às letras, às melodias, ao ambiente calmo. O grande ponto forte deste álbum é a coerência, a constância, a musicalidade e suavidade de todas as canções. Diria que é ideal para nos acompanhar durante um jantar mais íntimo, a meia-luz e com um bom vinho ao lado. A companhia não deve ser rejeitada ainda aquando da leitura de um bom livro (os restantes ingredientes podem manter-se).
Depois, há pormenores instrumentais, principalmente de piano, harpa e violino que são verdadeiros achados de beleza em estado puro, não desprezando os instrumentos mais habituais, que tornam o restante mais belo.
Como já referi, e olhando para "Have One On Me" como um todo, a duração a meu ver excessiva do álbum retira algum do brilhantismo. Mas apenas porque se torna complicado aguentar a maratona sempre com níveis de concentração elevados, o que nos leva a dispersar ou a avançar algumas músicas.
No entanto, está aqui uma obra que deve ser apreciada e que se destaca neste ano musical de 2010. Um álbum para ir recordando de tempos a tempos.

8/10

20 junho 2010

José Saramago 1922-2010

José Saramago morreu aos 87 anos.
O único falante da língua portuguesa premiado com o Nobel da Literatura.
O mestre da Língua Portuguesa. O génio das narrativas. O malabarista das palavras.
Saramago é o escritor que mais gozo me dá ler. Tem um estilo de escrita muito fluído, muito próximo do pensamento, e aborda as histórias sempre por um lado que aprecio imenso.
Parte o homem, ficam as palavras, as ideias e as convicções. Ficam as obras literárias de superior qualidade.
Saramago sempre foi polémico. Um homem de paixões e ódios, que muitos teimam em continuar a dizer mal, simplesmente porque é comunista e ateu. Nem sequer conseguem dissociar esses seus pensamentos extremistas dos seus eloquentes e envolventes livros. E é isso que me deixa triste. Ver que o grande exportador da Língua Portuguesa além fronteiras continua a ser quase que desprezado em Portugal, e venerado por esse mundo fora. Simplesmente porque não se consegue separar as águas.
Teve atitudes controversas? Defende ideologias com as quais não concordo? Sim! Mas nada disso faz apagar aquilo que realmente me interessa na sua vida. E no fundo aquilo de que todos se lembrarão daqui a 100 anos serão os seus livros. 
Daqui a 100 anos será considerado um marco da Literatura Portuguesa - se é que já não o é -, ao lado de Camões, Pessoa ou Eça. Será lembrado como o primeiro Nobel da Literatura Português, será relembrado pelas aventuras enfabuladas de "Memorial do Convento", pela crueldade humana de "Ensaio Sobre a Cegueira", pela dimensão histórica de "O Ano da Morte de Ricardo Reis", pelas convicções religiosas de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo".
Pouco me importa se viveu em Portugal, em Espanha ou no Pólo Norte. A verdade é que nunca deixou de escrever na língua-mãe, a verdade é que viu os seus livros traduzidos para 46 línguas distintas.
Saramago morreu, mas reservou o seu lugar na eternidade da cultura portuguesa.
Felizmente, deixou uma obra extensa, da qual ainda não li nem metade, o que me deixa bastante contente por ter a oportunidade de continuar sentir os seus escritos.
Obrigado, Saramago, por todas as horas de puro entretenimento que já me proporcionaste e que me vais continuar a proporcionar.

16 junho 2010

THE NATIONAL - "High Violet"

Conheço os The National há apenas três anos. Tomei contacto com eles em 2007, aquando do lançamento do sublime "Boxer", que imediatamente me deixou embasbacado e atordoado com toda aquela perfeição melódica e densidade musical. A partir daí, foi partir em busca de "Alligator", seu sucedâneo de 2005, que, embora sendo mais crú e menos trabalhado, é também uma obra de muito bom gosto, com a qualidade lá nos píncaros. Mas esta banda de Brooklyn constituída por membros de Ohio já cá anda há uma década, sendo que os dois primeiros álbuns foram mais discretos. 
"High Violet" marca o regresso de uma das minha grandes pancas da música actual. Poder-se-á dizer que os The National continuam iguais a si próprios. Matt Berninger, na voz, é o perfeccionista obcecado de sempre; as guitarras, a cargo dos gémeos Dressner, são trabalhadas ao pormenor (mas só passam com a aprovação do "maníaco" Berninger) e os primos Devendorf encarregam-se do baixo e da esplêndida bateria - um cada, obviamente. Como dá para ver, isto é praticamente uma banda familiar, coadjuvada pelo génio do vocalista e autor de quase todas as letras.
Falando agora especificamente deste novo trabalho, "High Violet" apresenta-nos a mistura perfeita entre duas obras-primas. Contém a irreverência e a crueza de "Alligator", sem deixar a limpidez e as melodias perfeccionistas de "Boxer". Ou seja, "High Violet" consegue armazenar nas onze músicas que compõem o álbum o melhor de dois mundos. 
"Terrible Love" a abrir dá-nos energia e distorção q.b., para logo nos servirem "Sorrow" uma das mais belas músicas, depressiva até dizer chega. Aliás, a onda obsessiva e claustrofóbica multiplica-se com tal intensidade em "Afraid of Everyone" que faz com que uma derivações da guitarra de toda a restante melodia se assemelhem a verdadeiros arrepios sentidos, num crescendo que vai envolvendo, envolvendo e envolvendo até terminar num momento ambience arrepiante com uma bateria em grande forma. Por falar em bateria, Bryan Devendorf é capaz de ser um dos melhores e mais inventivos bateristas da actualidade. The National é o que é também muito graças aos ritmos diferentes imprimidos pelo Bryan e dos quais são excelentes exemplos "Everyone's Ghost" e "Bloodbuzz Ohio". Aliás, o single de apresentação é um orgasmo de porco para mim: a aliar à batida absolutamente hipnotizante, surgem no final de cada refrão uns pratos em crescendo que conduzem a um devaneio das guitarras ao qual não consigo ficar indiferente. 
Observando as letras atentamente, observam-se bem os traços da personalidade do autor, parece que ficamos todos a conhecer um pouco desta personagem, que foi pai há relativamente, influência que se nota em diversas canções. Desviar um pouco da nossa atenção para as letras irá deixar-nos maravilhados e seduzidos.
O restante material não referenciado é de qualidade indubitavelmente alta, merecia uma palavrinha, mas tornaria tudo isto mais longo e talvez repetitivo. Assim, e para terminar, "High Violet" é eloquente e cru, claustrofóbico e libertador. "High Violet" catapulta em definitivo os The National para o Olimpo da História da música. Está tudo dito. Resta não perder a oportunidade de apreciar tal obra-prima.

10/10

The Imaginarium of Doctor Parnassus

Tinha uma certa curiosidade em ver este filme. Não só porque representa simbolicamente o último filme do actor Heath Ledger, mas também porque marcava o regresso de Terry Gylliam à realização. O elenco era respeitável. Para além do já referido Joker de “The Dark Knight”, havia um consagrado Cristopher Plummer e participações especiais de Johnny Depp, Collin Farrell e Jude Law, que permitiram a concretização da película depois do trágico incidente.
“The Imaginarium of Doctor Parnassus”, com uma tradução absurda para português (qualquer coisa como “Parnassus, o Homem que tentou enganar o diabo”), fala-nos da luta do bem contra o mal, de apostas e promessas entre Parnassus e o diabo. O essencial do filme gira à volta da possibilidade de Parnassus conseguir, com a mente, criar ambientes, cenários e paisagens de acordo com as pessoas que se deixam controlar pelos pensamentos do mágico.
No entanto, e apesar do conceito parecer apelativo, o filme foi uma desilusão. Achei-o confuso e enfadonho, repetitivo e um pouco longo de mais.
Os cenários, a caracterização e a fotografia são sem dúvida de alta qualidade. Mas penso que poderia ter havido mais imaginação, mais cor. As interpretações são medianas, à excepção do veterano Plummer. Heath Ledger é exuberante, mas não soberbo, e os actores que deram uma perninha no filme também não têm grande tempo de protagonismo, pelo que acabam por passar algo despercebidos.
Resumindo, estava à espera que “The Imaginarium of Doctor Parnassus” fosse arrebatador, apelasse à nossa imaginação, seduzisse com cenários, contasse belas histórias e respirasse aventura por todos os poros. Acabou por falhar em vários desses pontos.

5/10

Moon

“Moon” é um filme de ficção científica ao estilo de “2001, Space Odyssey”, mas sem as ambições deste ao nível da grandiosidade e da revolução que desencadeou na década de 70. 
Como o nome indica, a acção desenrola-se na Lua, num futuro impreciso, em que existem estações e aparelhos de recolha de hélio (do sol), responsável pela alimentação eléctrica de todo o planeta. Numa das quais, encontra-se uma pessoa – Sam Rockwell – que tem um contrato de 3 anos, durante os quais tem que permanecer na estação espacial construída no solo lunar completamente sozinho, tendo apenas a companhia de um computador. Com o passar do tempo, a personagem acaba por vir a descobrir verdades que não queria, e acaba por arranjar “companheiros” na sua luta pela liberdade.
O realizador consegue passar para o ecrã todas as emoções, quase que conseguimos saber o que cada um dos intervenientes pensa.
Os cenários lunares, apesar de eu não ser um especialista, pareceram-me realistas e bem conseguidos. É também curioso ver como os criadores de “Moon” pensam no futuro, na evolução da computação, da mecânica e da robótica. Aliás, este é um dos pontos que mais me entusiasma na altura de ver filmes deste género.
É uma película que nos fala dos problemas éticos da evolução tecnológica, da solidão, das relações interpessoais e da manipulação intelectual levada a cabo para que todos os objectivos corporativos sejam atingidos. Um filme independente (ou quase) que consegue chegar mais longe do que muitos que abordam temáticas semelhantes e que deve ser visto.

7/10

12 junho 2010

O Mundial já começou!

E eu sinto que estou numa enorme colmeia, rodeado por mais de 50 mil abelhas.
Parece-me bem.

10 junho 2010

A Single Man

Será que um filme realizado por um estilista, que aborda a temática que lhe é mais próxima (a homossexualidade) e que tem no elenco um actor essencialmente conhecido pelas comédias-românticas-pipoca pode ser alguma coisa de importante na enorme indústria cinematográfica?
À partida, a resposta óbvia seria não. 
Um realizador (Tom Ford) sem experiência a criar um filme sobre o mundo interior de um homossexual deixa-nos logo de pé atrás. Mas a verdade é que "A Single Man" consegue ser poético sem pretensiosismos, consegue ser complexo com uma história simples, consegue prender-nos à história sem ter, aparentemente, grandes motivos para tal. E aqui o prémio terá que ir obviamente pela abordagem à temática.
"A Single Man" é a história de um professor homossexual de meia idade com todas as suas crises depois de, passados 16 anos de vida em comum, o seu companheiro morrer num acidente de viação. A trama desenrola-se em apenas 24 horas, com alguns flashbacks pelo meio, mas consegue retratar na perfeição todos os dramas internos e externos que um gay tinha que enfrentar na década de 60, onde a homossexualidade ainda era mais ostracizada do que nos dias de hoje.
O filme apresenta-nos algumas situações bem comuns, como a amiga que foi amante nos tempos de adolescência - interpretada por uma Julianne Moore que já teve desempenhos melhores -, o jovem que se sente completamente deslocado do mundo em que o querem colocar, ou a promiscuidade de um jovem adulto que tenta fazer de tudo para conseguir um lugar no mundo de Hollywood. 
O final acaba por não ser previsível, mas é bastante poético e belo.
A realização, o argumento e a fotografia estão ao mais alto nível, já para não falar da envolvente interpretação de Colin Firth que lhe valeu inclusive uma nomeação para o Oscar de melhor actor.
Um filme a ter em atenção e a não deixar escapar.

8/10

08 junho 2010

THE BESNARD LAKES "Are The Roaring Night"

Os The Besnard Lakes são uma banda canadiana, mais uma das criadas na primeira metade da década de 00, e que muitos bons frutos tem dado no mundo musical. Estes em particular têm uma sonoridade que acaba por se aproximar dos congéneres Broken Social Scene. Depois de um muito bom "The Besnard Lakes Are The Dark Horse", onde se inclui a estonteante "And You Lied To Me", de 2007, o quarteto lançou-se em busca de novos desafios, criando assim "The Besnard Lakes Are The Roaring Night".
Rock psicadélico, ambience, mas essencialmente shoegaze, caracterizam o som desta banda, que consegue, ao longo das 10 músicas presentes no álbum, manter a bitola equilibrada e num nível alto. Vozes alienadas, guitarras prementes e envolventes e melodias que facilmente nos conquistam fazem o resto.
A música introdutória, "Like The Ocean, Like The Innocent", está dividida em duas partes. A primeira apresenta-nos uns ares de psicadelismo, ao qual se juntam guitarras bem vincadas na segunda parte. Uma incursão de 7 minutos de muito bom gosto, absolutamente contagiantes, que transformam esta faixa numa das melhores que já ouvi este ano.
Os minutos iniciais de "Chicago Train" aproxima-nos do Universo de Bon Iver e o que de bom tal acarreta, entrando depois na onda mais característica da banda, mais perto do shoegaze ou do post-rock. Mas o que mais no envolve nos The Besnard Lakes é a capacidade com que eles nos embrulham na sua sonoridade, nos despertam a curiosidade para aquilo que fazem, para aquilo que transmitem. "Land Of Living Skies" e "Light Up Night" são isso mesmo e "And This Is What We Call Progress" é a prova viva da possível comparação com os Broken Social Scene, num excelente momento musical em que nada falta.
"The Besnard Lakes Are The Roaring Night" é um dos bons álbuns do ano, apesar de não me parecer tão bom como o anterior, demonstrando mais uma vez que os canadianos andam a dar cartas no mundo da música, com alguns dos projectos mais interessantes da actualidade. Óptimo para ouvir num momento mais intimista, de preferência em ambiente de meia-luz.

8/10

03 junho 2010

GORILLAZ - "Plastic Beach"

O projecto de animação de Damon Albarn dispensa grandes apresentações. No início deste século, os Gorillaz revolucionaram a música pop, muito à custa do pouco comum conceito da banda, de videoclips vistosos e de bonecos muito bem construídos. Os bons singles também ajudaram à divulgação. Depois de dois álbuns que alcançaram um enorme sucesso, a expectativa era muito alta para um dos mais aguardados regressos do ano.
"Plastic Beach" tem um cartão de visita potente: "Stylo" é uma grande música capaz de incendiar pistas de dança por todo o mundo, e que tem no seu vídeo (um dos grandes pontos fortes do projecto) um excelente ponto de partida. Mas a beleza interior acaba por nunca alcançar os níveis da cobertura exterior, daquela que causa a primeira impressão.
O álbum contém algumas orquestrações - o nome da música inicial é prova disso mesmo -, não esconde referências orientais em "White Flag", nem rejeita influência marcadas no hip-hop/rap em "Welcome to the World of the Plastic Beach", com Snoop Dogg. É por isso um álbum bastante diversificado, recheado de influências e de participações especiais, dos quais se destaca Lou Reed, em "Some Kind of Nature" e Little Dragon, em "Empire Ants", sem dúvida dois dos momentos mais bem conseguidos do terceiro disco dos Gorillaz. "Glitter Freeze" e "On Melancholy Hill", em registos completamente opostos (a primeira, super mexida e ritmada; a segunda, uma balada em que a voz do líder dos Blur sobressai naturalmente), são as outras duas faixas que valem a pena ser referidas.
Não sendo um álbum brilhante, "Plastic Beach" cumpre a sua principal função. Aquecer a malta nestes tempos de Verão que se aproximam. Ideal para ouvir em ambientes descontraídos.

7/10

02 junho 2010

Eles andem aí!

Cratera gigante na cidade da Guatemala

30 maio 2010

Chegou ao fim...

... A melhor série que já tive oportunidade de acompanhar.

Falar de televisão do século XXI e não falar de Lost é algo impossível. Esta série marcou e revolucionou a forma de fazer TV, inovou no tema e primou pela coerência dentro do sci-fi.
É sem dúvida a melhor série que já vi, por todas as emoções que é capaz de despertar, por todo o simbolismo a ela associado, pela enorme parábola que a série vai conseguindo manter ao longo de 6 longas temporadas.
Uma série que segue muitas vezes caminhos obscuros, caminhos que muitos julgavam serem impossíveis de desenvencilhar, mas que afinal de contas nos deixam sempre com o espanto estampado na cara, um enorme "WTF?" enrodilhado nos milhões de terminações nervosas que Lost põe a mexer.
Sim, porque ver Lost não é ficar a vegetar em frente à TV, à espera de fazer o primeiro sono no sofá antes de ir para a cama. Lost abriga-nos a estarmos atentos, Lost prende-nos ao ecrã, Lost faz as perguntas e deixa as respostas no ar. Mas Lost sobretudo não nos deixa indiferentes.
À partida, fazer uma série sobre uma quantidade de náufragos numa ilha deserta, à espera de serem resgatados, poderia não trazer nada de novo. Mas com o tempo, e à medida que se vão conhecendo as personagens, é impossível não as compreender, é impossível não gostar delas, mesmo aquelas que por esta ou aquela razão não são tão bem-vindas por nós.
E é na interpretação, na densidade das personagens, na qualidade da escrita e na estruturação do guião, que Lost consegue superar todos os obstáculos. É absolutamente soberba e apaixonante.
Aqui, obviamente que os grandes obreiros são, em primeira instância, JJ Abrams (o produtor e mentor da série) e os outros dois argumentistas residentes, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof, que conseguiram manter a série interessante, sem nunca desvirtuarem o objectivo principal.
Lost é uma série épica, que nos prende no início, nos intriga no meio e nos conquista no fim.
Lost vai ficar sempre no meu imaginário.

25 maio 2010

De vez em quando, o touro vence...

O vídeo pode ferir susceptibilidades, mas é só com acontecimentos destes que se vai conseguindo alertar para as barbaridades cometidas por essas arenas latinas fora...
O momento era de glória para o toureiro.
Preparava-se para enfiar a longa espada no dorso do touro, até lhe atingir o coração.
O sangue escorria por todo o animal, fruto das diversas bandarilhas espetadas no cabedal.
E, num momento premonitório, o touro consegue defender-se, atacando o seu assassino.
O resultado não é bonito, mas não consigo sentir muita pena, desculpem a sinceridade.

No meio disto tudo, o toureiro teve uma sorte desgraçada, porque uma cornada uns centímetros ao lado, e lá se esvaía uma veia jugular ou uma artéria carótida; um corno menos arqueado, e o cérebro desfazia-se em papa...

23 maio 2010

A hora de Mourinho

Esta é a capa de um dos jornais desportivos de hoje.
Quase não há referência à vitória do Inter, mas sim à vitória do Mourinho. E há razões para o destaque.
Mourinho pegou numa das equipas mais prestigiadas da Europa, num campeonato muito competitivo, com alguns jogadores quase acabados, outros rejeitados e outros que tinham ainda muito a provar. Pegou nesses jogadores e fez deles os melhores do mundo.
Lúcio foi rejeitado por Van Gaal, Zanetti e Cambiasso não têm qualidade para a selecção argentina (segundo a convocatória de Maradona), Motta saiu do Barça porque não prestava, Sneijder foi dispensado do Real Madrid, Eto'o foi escorraçado de Barcelona, numa pretensa excelente troca com Ibrahimovic, e Milito andou a carreira toda por clubes europeus menores (Saragoça e Génova), chegando aos 31 anos como um dos melhores e mais letais pontas-de-lança do mundo.
Obra do acaso? Não me parece.
O obreiro tem um nome e todos sabemos de quem se trata.
A verdade é que Mourinho pegou em jogadores de boa qualidade, e fez deles os melhores do mundo. Uma imagem de marca do português, diria. 
Falando do jogo de ontem, a verdade é que o Inter ganhou dois zero a um Bayern que sem um Robben em excelente forma nem saberia o que fazer com a bola. Mourinho leu bem o jogo, deu-lhes a iniciativa de jogo, deixou-os criar e fazerem asneiras, e atacou nos momentos-chave.
Aí, entra Diego Milito. Um fora-de-série, que esteve quase a ficar fora do Mundial e que vai ser 4ª opção na sua selecção. Um crime, diria eu, porque Milito é talvez o melhor avançado da actualidade. Só para comprovar o que digo, marcou o golo solitário da vitória sobre o Siena na última jornada do Calcio, marcou o único golo da final de Roma, marcou os dois golos da final da Champions.
Denominador comum? 4 golos, 3 títulos, 100% dos golos da equipa. É obra!
Mas a equipa do Inter não é só Milito. Júlio César é dos 3 melhores do mundo na sua posição, Lúcio é experiente e combativo, Maicon é o melhor lateral do mundo, Cambiasso dá uma solidez notável à equipa, Sneijder é o cérebro da equipa (que jogador!), Eto'o está um jogador muito generoso e Milito é letal. 5 ou 6 jogadores de topo, auxiliados por outros de muito boa qualidade, mas exacerbada pela dos seus companheiros.
A missão em Itália está cumprida. Há que sair e abarcar o maior desafio da sua carreira. Pegar na maior equipa do mundo e conseguir fazer dela a melhor equipa do mundo. Vai ser um desafio interessante de seguir. Mourinho já provou que sabe lidar com vedetismos, que sabe lidar com a pressão, e aqueles confrontos com o super-Barça vão ser giros de acompanhar. 
O objectivo do Real passará principalmente por conquistar a Champions (Mourinho parece ser um especialista). Depois de o conseguir, apenas terá que voltar a Inglaterra para conseguir o único título que lhes escapou naquela ilha.
Mourinho é o melhor, e quem o contrata arrisca-se a ganhar tudo.

18 maio 2010

Um motociclista já não pode andar num cruzamento descansado?

Claro que pode!

Dia-a-dia do Papa

17 maio 2010

CRYSTAL CASTLES - "Crystal Castles"

Em 2008, os Crystal Castles surgiram com um álbum homónimo que surpreendeu meio mundo, pela sua imprevisibilidade, pela sua electrónica meio desvairada, mas completamente viciante e envolvente. 2010 marca o regresso do duo electro-punk canadiano às lides discográficas, com um nome para o álbum extremamente original... O mesmo de há dois anos, o nome da banda.
Apreciar o álbum depois de os ter visto ao vivo condiciona sempre a opinião. Porque é impossível ficar indiferente ao espectáculos quase-epilépticos de luz, porque a energia de Alice Glass não passa despercebida, e porque os Crystal Castles conseguem fazer dos concertos uma versão ainda melhor dos seus álbuns. Depois, há uma dosagem quase perfeita entre elementos "certinhos" e desconcertantes, entre sons ritmados e batidas descordenadas, que dão um brilho especial a este tabalho.
As primeiras músicas mostram tudo aquilo de que os Crystal Castles são capazes de fazer. Noise rock a abrir, coadjuvado por sintetizadores em "Fainting Spells", electro-pop e voz límpida e angelical de Alice Glass em "Celestica" (o nome da música assenta mesmo bem, caraças!), batidas frenéticas, distorção e energia estridente nos píncaros em "Doe Deer" e electro-punk e voz peculiar - chamemos-lhe assim - em "Baptism". Uma apresentação mais completa e abrangente do que isto seria complicado, mas não se julgue que a boa música termina na quarta faixa; muito pelo contrário. A vocalista tem uma energia incrível que transborda por todos os lados ao vivo, e talvez esse aspecto seja absolutamente contagiante nas audições posteriores a este disco. Alice Glass acaba por me fazer lembrar Karen O, com toda aquela energia pronta a ser transferida no contacto com o público.
Mas há mais destaques. É possível encontrar na música deste duo alguns pontos de contacto com o universo The Knife, de qual é exemplo "Violent Dreams", o que só pode ser considerado bom. "Birds" opta por uma perspectiva mais rockeira dos Crystal Castles, enquanto que a sua precedente, "Vietnam", segue linhas mais fiéis à caracterização do som da banda - se é que isso pode ser feito. Para o fim, temos reservado um belíssimo shoegaze, introduzido por 20 segundos de puro devaneio, em "I Am Made of Chalk", que no fundo acaba por ajudar na definição deste álbum: músicas enérgicas, trabalhadas, cheias de elementos desestabilizadores, surpreendentes e imprevisíveis.
Ouvir "Crystal Castles 2010" (chamemos-lhe 2010, para distiguirmos do primeiro álbum) antes e depois de presenciar uma das suas actuações é diferente. As músicas ganham outra vida, sentem-se com outra alma. Mas uma coisa é certa, este álbum é alma, é magia e é muito bom!

9/10

15 maio 2010

Afterschool

"Afterschool" é um filme independente de António Campos, um americano de ascendência brasileira que ainda nem chegou aos 30 anos.

Retrata a vida de adolescentes de um colégio religioso (principalmente a do jovem da capa), que fazem uma vida perfeitamente normal. Esse jovem é fanático por filmagens, e numa das filmagens para o clube de cinema do qual faz parte, acaba por filmar a morte de duas gémeas, duas das raparigas mais populares lá do sítio, por overdose.
O filme centra-se essencialmente na vida deste adolescente, na descoberta da sua sexualidade, das relações humanas, dos desgostos, das tristezas, da lide com a morte...
É um excelente retrato da sociedade de hoje em dia, em que facilmente jovens sem grande consciência e responsabilidade decidem alinhar em todo o tipo de esquemas, só porque é cool.
Nota muito positiva para a realização, que consegue conjugar momentos cinematográficos com outros mais ao estilo de documentário, captados pela câmara do protagonista, bem como diferentes
O filme acaba por ter um desenrolar algo imprevisível, apesar de eu estar à espera do final.
De referir ainda que é um filme que nos deixa a pensar, e eu gosto de coisas assim.
Nota global bem positiva.

7/10

Ressaca...

Há mais de 24 horas que não vejo um directo sobre a visita papal a Portugal.
Estou a hiperventilar, com suores frios e vomito-me todo...
Quero saber mais sobre o Papa!
Quero saber quantos passos deus do papa-mobile até ao altar da Av. dos Aliados.
Quero saber TUDO!

O próximo passo é o suicídio.
Adeus amigos.
Adorei conhecer-vos.
See you on the other side!

12 maio 2010

Lolita

Li "Lolita", de Nabokov, há uns meses atrás e fiquei com a "pulga atrás da orelha" depois de descobrir que havia duas versões cinematográficas do livro, uma delas do mestre Kubrick.
Portanto, e depois de ter adorado o livro, decidi ver qual o retrato dado pelo falecido realizador norte-americano a um dos mais polémicos livros do século passado.
O filme é de 1962, a preto e branco e bastante longo (2h30, aproximadamente). O estilo de realização não se assemelha a nada do que já vi do realizador, e logo por aí acabou por me deixar de pé atrás.
Outro facto que acabou por desvirtuar um pouco a história foi a utilização de uma actriz para fazer de jovem adolescente com uma aparência muito adulta, o que acaba por contrastar grandemente com o que se lê no livro, e que é o que mais choca. Não sei bem os motivos para esta pequena "adulteração", mas acabo por compreender que fosse complicado colocar uma miúda de 12/13 anos a interpretar uma personagem com uma elevada carga sexual.
Passando ao filme propriamente dito, o mesmo começa pelo fim. Todos sabemos o desfecho nos primeiros minutos, e depois é um desbobinar da história de Humbert Humbert e da sua Lolita.
A construção da narrativa está bastante interessante, e dá-lhe um ar de maior suspense. No entanto, há algumas cenas que acabam por perder muito, apesar do bom trabalho realizado pela equipa na tentativa de reproduzir da melhor forma o extenso livro.
Não era um livro fácil de adaptar, quer pela densidade temática, quer pelo extenso desenvolvimento dos factos, mas Kubrick e a sua equipa conseguem espremer bem o sumo.
De longe, prefiro o livro ao filme, que mesmo assim acaba por ter momentos bastante intensos.

7/10

08 maio 2010

BROKEN BELLS - "Broken Bells"

Dupla promissora. Ao vocalista de uma das bandas mais inspiradas (e inspiradoras) da última década – The Shins –, junta-se o produtor DangerMouse, para criarem música pop, sem grandes floreados mas com qualidade. 
Não conheço DangerMouse, mas conheço The Shins, e nestes Broken Bells identificam-se diversos padrões musicais não muito distantes da banda de James Mercer, o que é necessariamente bom.
“Broken Bells” não é, na minha interpretação, um álbum que queira revolucionar o mundo da música. 
Parece-me um projecto nascido da vontade destes dois músicos trabalharem em conjunto. Portanto, este disco é composto por um punhado de boas canções pop, como a faixa que abre o disco, “The High Road”, ou “Vaporize” que se lhe segue, passando por algumas influências mais recentes, como Santigold, bem exposta na batida inicial de “The Ghost Inside” e outro par de canções bem interessantes. Mas o melhor fica para o fim, com as duas melhores canções do álbum a chegarem em “The Waiting Game” – com um baixo a mandar na música – e “The Wall and the Mistery”, que entra directamente para o top das minhas preferidas do ano: começo misterioso, guitarras desenfreadas e ritmo no ponto. Muito bom! 
No geral, o álbum mantém uma consistência assinalável, e quando damos conta já o CD está a acabar de rodar, o que é sempre bom. Um álbum leve, óptimo para dias de sol e de espírito alegre. 

7/10

07 maio 2010

Futebol em tons do arco-íris


A foto que está a fazer furor em Espanha. Ibrahimovic e Piqué, jogadores do Barça, foram apanhados em cenas de cariños (em espanhol) que muitos dizem serem comprometedores.
A sorte deles é que o Barcelona marca muitos golos, e fartam-se de festejar como bem querem:

O caso ganha ainda maior protagonismo, uma vez que a luta pelo título espanhol continua renhida, e qualquer factor de desestabilização conta, e ainda porque o sueco já foi "apanhado" a fazer olhares comprometedores e fulminantes ao fenómeno Ronaldo, num derby milanês, como se pode ver no vídeo.

Mas há mais casos.
Scholes e Neville (dois veteranos do Manchester United) decidiram festejar exuberantemente um golo há um par de semanas.

E o "nosso" Miguel Veloso emocionou-se bastante num jogo da selecção sub-21 há uns anitos:

Resumindo e concluindo, o futebol já não é o que era.
Fazem falta é homens de bigode!

06 maio 2010

Noites da Queima'10: Crystal Castles & Franz Ferdinand

Este ano, a Queima do Porto recebeu dois nomes internacionais que tinha bastante curiosidade em ver. Uns - os Crystal Castles - pela energia característica da sua música, e outros - Franz Ferdinand - porque foram/são (?) um dos grande fenómenos da música indie da última meia década.
Os concertos tiveram auras completamente distintas, e despertaram em mim sentimentos diversos e quase opostos, o que me levou a achar um deles portentoso e o outro apenas bom.
Passando ao que realmente interessa...

Os Crystal Castles apresentaram-se no Porto com um álbum fresquinho, acabadinho de sair, e que se segue ao muito aclamado primeiro álbum de há 2 anos - curiosamente, ambos os discos se chamam "Crystal Castles", o que o torna complicado a distinção entre os dois.
O concerto começou com um power incrível, com músicas do mais eléctrico-punk novo álbum. Logo a partir desse momento, deu para discernir sobre quem estava realmente para ouvir o duo ou quem estava para ouvir um som enquanto bebia umas cervejolas... E os gajos das cervejas preferiram ir bebê-la para outros lados, que aquilo não é música para meninos, com distorções, gritos, baixos no máximo, experimentalismos e jogos de luz psicadélicos.
Não houve nenhuma música importante que tenha falhado (que me lembre), portanto o público teve que ficar satisfeito, apesar da interacção praticamente nula da banda com os estudantes.

O som de início não estava grande coisa (deve fazer também parte da tradição académica portuense...), mas ao fim de um par de músicas, ficou bem equilibrado e deu para bombar muito ao longo da mais de uma hora de concerto, com a vocalista Alice Glass completamente avariada da cabeça sempre a tentar empoleirar-se nas grades de protecção do público e a andar desvairada pelo palco. Uma energia incrível, que me fez lembrar, por vezes, Karen O - salvo as (in)devidas comparações.
Resumindo, passaram-se ali momentos muito bons, cheios de intensidade e energia, que fazem com que não me importe de os ver num futuro muito próximo!
Estrondoso!

Dois dias depois foi dia da maior enchente que já vi numa Queima. Os conotados Franz Ferdinand voltaram a Portugal e os fãs não quiserem perder a oportunidade.
Mas quem a perdeu fui eu... Devido à imensa gente que por lá andava, desloquei-me para uma das laterais, e o som chegava lá em péssimas condições (o habitual...), o que desde logo condicionou a minha apreciação ao concerto. As deficientes condições do recinto para receber tamanha afluência de gente também condicionou todo o ambiente em redor do show.
A banda escocesa manteve-se em palco durante quase 2 horas (o que na minha óptica acabou por ser demasiado cansativo), passando por todos os singles da banda e incidindo pouco no mais recente álbum da banda. Como confesso pouco apreciador do segundo disco dos FF, acabei por "sofrer" um pouco com tanta música tocada desse álbum, mas os momentos altos foram sendo as músicas do disco que surpreendeu meio mundo em 2004. Foram sem dúvida os pontos mais apoteóticos da noite para os fãs e estudantes presentes, juntamente com o momento de percussão protagonizado pelo quarteto quase no final da noite.
No entanto, este concerto fez-me ver que já não gosto tanto dos Franz Ferdinand como gostava há uns anos. São competentes, mas (já) não me entusiasmam...
Fica no entanto a recordação de que já vi um concerto deles.

05 maio 2010

LOCAL NATIVES - "Gorilla Manor"

Os Local Natives são uma das boas surpresas deste ano. Apesar de serem originários de Los Angeles, o álbum foi lançado primeiro – e ainda no ano transacto – no Reino Unido, e só mais tarde – já em 2010 – nos EUA. Por este motivo e pelo facto de os ter conhecido apenas em 2010, considero este um álbum de 2010 e não se fala mais nisso.
A sonoridade poderá ser incluída no rótulo indie, tão em voga nos últimos tempos, sendo que já os compararam com bandas como Vampire Weekend, Fleet Foxes ou Arcade Fire – há ainda uma versão dos Talking Heads, em “Warning Sign”, o que poderá fazer prever alguma influência musical desta banda. Mas os Local Natives não deixam de ter músicas bem definidas, uma identidade bem desenvolvida e bastante identificável. Todo álbum tem uma consistência assinalável, sempre num tom bem ritmado e cheio de melodia, juntando aos habituais instrumentos das bandas violinos e o piano. As músicas são todas elas relativamente grandes (entre os 4-6 minutos), o que dá sempre espaço a alguns sinais de improvisação e fuga ao estilo clássico de canção de 3 minutos, com refrões quase sempre muito catchy.
“Wide Eyes” abre “Gorilla Manor”, com uma bateria que, sinceramente, naquele ritmo não caía mal nos The National. “Airplane” e “Who Knows Who Cares” seguem uma onda mais calma mas igualmente interessante. “Sun Hands” tem o refrão mais viciante do álbum, ainda para mais quando um coro de crianças começa a cantar “And when I can feel with my sun hands / I promise not to lose her again” a plenos pulmões, só apetece desatar a fazer o mesmo. Para o fim, deixo o melhor momento: “Camera Talk” é um dos hinos deste ano, cheia de elementos fortes e diversos; quem quiser descobrir este álbum, que comece por aqui, se faz favor, que isto é contagiante.

“Gorilla Manor” ganha, para já, o prémio de uma das bandas mais cool do ano.

8/10

30 abril 2010

Margem Sul State of Mind

Numa sátira à musica de Jay-Z e Alicia Keys, Rui Unas saca disto:

29 abril 2010

Mourinho Show

É um orgulho ter um português como melhor treinador do mundo a derrotar a melhor equipa do mundo.
Esta celebração faz lembrar a de há 6 anos, em Old Trafford, no Manchester United - FC Porto, e a conclusão que se pode tirar é:
Ninguém pára o Mourinho nos 100 metros em relva!

28 abril 2010

Star Wars Saga

Durante anos, vivi com a ideia de que não gostava de "Star Wars". A temática não me puxava, o fenómeno de massas e de fãs afastava-me ainda mais dos filmes. Nunca fui muito de seguir correntes, e como sou um gajo do contra, gostava de dizer mal mesmo sem nunca ter visto um minuto sequer de qualquer um dos filmes - coisa que não é fácil, já que volta e meia invadem as televisões de domingo à tarde.
Pois bem, tudo se confirmou - para quebrar desde logo o possível suspense.
"Star Wars" não me seduziu, não me conquistou, não me empolgou, não me emocionou, não nada.
Como todos sabem, esta saga foi dividida em duas trilogias. A primeira - exibida entre finais da década de 70 e início dos 80's - retratava os epiódios IV, V e VI, ficando a parte inicial da história reservada para o século XXI, mais de 25 anos após a primeira sequência de filmes. Sinceramente, não percebo muito bem o porquê desta situação... Mas tudo isto só para dizer que decidi seguir a ordem cronológica da história, e não a ordem cronológica de exibição dos filmes, pelo que comecei a saga pelo Episódio I, de 1999.
O básico da história acho que todos conhecem. Os filmes não são mais do que batalhas entre o bem e o mal, num futuro em que se viaja no universo (ou numa galáxia, mais propriamente) como se fôssemos de Gaia para o Porto e tivéssemos simplesmente que atravessar a Ponte da Arrábida (sem o trânsito de hora de ponta), regados com imensos efeitos especiais.

Confesso que tentei abstrair-me ao máximo das ideias pre-concebidas, das personagens que conhecia, de tudo aquilo que ouvia falar. Muitas coisas conhecia, muitas outras fiquei a conhecer - isto tem uma vantagem enorme, porque há dezenas de filmes, séries, sites ou livros repletas de referências a "Star Wars", e assim já não fico completamente alheado delas.
A primeira impressão que temos quando começamos a ver "Star Wars" é que aquilo está ali para encher chouriços, enquanto se tem uma história central bem desenvolvida mas bem curta. Há triângulos amorosos, há irmãos, há o bem e o mal, há tudo o que George Lucas queria que existisse. Mas, à parte da pequeníssima história central, tudo o resto é demasiado acessório, sem conteúdo... Longas cenas de acção (sem uma única fala), momentos repetitivos, diálogos ocos, e desenvolvimento da história, quase zero, tirando a parte final. Isto é comum a todos os filmes da saga e é um dos grandes motivos para eu achar a maior parte dos episódios uma tremenda seca. Então os dois primeiros episódios da saga são qualquer coisa de constrangedor...
Aliás, a ideia com que eu fico ao ver os seis episódios é que aquilo ficava bem só com 3 filmes, mas o sucesso fê-los inventar mais 3 episódios, para vermos o crescimento de Darth Vader e a formação do Império já perfeitamente estabelecido nos primeiros minutos do primeiro episódio (o IV). Claro que tal pode não corresponder à realidade - sinceramente não li sobre o assunto... -, mas que fico com essa ideia, lá isso fico.

Com isto, devo dizer que achei a primeira trilogia (IV, V e VI) em tudo superior à segunda (I, II e III). Acredito que em termos de ficção científica e efeitos especiais, o surgimento de "Star Wars" em 1977 tenha sido uma valente pedrada no charco (apesar de várias falhas perfeitamente identificáveis ao longo dos filmes, às quais não dou grande importância devido à época em que se realizaram as películas), mas basta uma comparação com "Blade Runner", feito poucos anos depois, e ficamos logo menos impressionados. Assim, os filmes da década de 70/80 são mais interessantes por toda a vertente da novidade, pela introdução dos diversos planetas, dos diferentes sistemas solares da galáxia "far, far awat", dos divertidos e estranhos seres inteligentes imaginados por Lucas, pela inovação tecnológica colocada ao serviço dos efeitos especiais.
Os filmes deste século são insossos e destacam-se apenas pelo aprimoramento das personagens (utilizando computadores e personagens virtuais) e pela melhor qualidade dos efeitos especiais e das batalhas - particularmente das coreografias nos combates entre Jedi's e Sith's, com os famosos sabres de luz (uma das grandes falhas dos capítulos IV-VI). A história, como já relatei, é praticamente inexistente, os diálogos são sofríveis e as longas cenas de batalhas ou corridas são desnecessárias e cansativas...

Uma crítica à saga em geral. Falta emoção. As batalhas acontecem sem que nada o anuncie, praticamente. Não há a criação de suspense, de empolgamento, as cenas são coladas à pressa... Isso retira também um pouco da piada ao filme. Também tenho que destacar algumas falhas na história... Uma das que me recordo melhor é os robots não se lembrarem, no início do episódio IV, das personagens que transitaram desde os episódios I-III, com os quais conviveram durante largo período.
Agora, as partes que mais me agradaram.
Todas as personagens desenvolvidas. Primam pelas semelhanças com seres conhecidos na Terra (falos dos diferentes seres inteligentes e dos animais selvagens ou domésticos), mas incluem elementos vanguardistas. Destaque para para a dupla robótica (C3PO e R2D2), sem dúvida o casal mais cómico da saga, e para o Yoda da versão antiga, que mais parece uma personagem saída da Rua Sésamo - com tudo de bom que isso acarreta. A desilusão acaba por ser o Darth Vader dos 80's, que tem um ar pouco assustador e sinistro, pelo menos não tem a carga simbólica do mal demasiado carregada e bem explorada. No último episódio dos filmes mais recentes, esse aspecto transmitiu uma muito superior carga de intensidade, que acabou por não ter correspondência. De resto, e tendo em conta as personagens principais, não há grandes destaques de interpretação, mas esse também não era o objectivo dos filmes.
Há ainda a destacar as indumentárias e instrumentos utilizados, que numa visão 30 anos à frente nos fazem esboçar um sorriso com as ideias que os autores da época tinham sobre o futuro. Penso que as coisas evoluiram rápido demais (noutros - por exemplos, os carros voadores -, não evoluiram) para os pensamentos que os autores de filmes de ficção científica tinham sobre o futuro. São visões interessante e comuns a todos os filmes do género. No entanto, é sempre difícil prever aquilo que se vai passar no futuro, e acaba por se rum exercício interessante e engraçado.

Para finalizar, e numa altura em que o texto já vai longo, devo dizer que considero a saga "Star Wars" um marco no cinema de massas, por toda a evolução tecnológica que despoletou e por todo o fenómeno que provocou devido às extravagantes e marcantes personagens que existem no enredo. Mas "Star Wars" no seu todo acaba por ser vazio de conteúdo, principalmente nos episódios mais recentes, que - repito - me parecem um tremendo "encher chouriços".
Não vou voltar a ver os filmes porque não me deixam saudades, mas fica o conhecimento geral e a possibilidade de integrar conversas que muitas vezes rodam à volta do Universo Lucas.

5/10

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