06 março 2010

The Hurt Locker

Este filme andou na rota de festivais europeus em 2008, mas como apenas em 2009 chegou aos EUA está habilitado a ganhar umas estatuetas.
"The Hurt Locker" - em português "Tempos de Guerra" - é um filme sobre a Guerra do Iraque, sem no entanto ser mais um filme de guerra.
E passo a explicar porquê.
Habitualmente, os filmes de guerra regem-se pela máxima "Se tiver menos de 4 explosões e menos de 7 braços e pernas a voar por minuto, não conta!". De notar que também há explosões e tiroteios, mas nada que ultrapasse o limite do razoável.
"The Hurt Locker" faz precisamente o contrário. Faz-nos perceber que a guerra não é tão emocionante e activa como podemos pensar. Faz-nos ver o outro lado da guerra. Faz-nos sentir o lado real da guerra.
Durante as 2 horas de filme, é-nos contada a história de um grupo de três militares da brigada de explosivos, encarregues de desactivar os mais mirabolantes engenhos explosivos e liderados pelo Sargento James, o maior "guru" daquela arte.
Kathryn Bigelow (por curiosidade, é a ex-mulher do famoso James Cameron de "Titanic" e "Avatar") consegue colocar emoção, drama e suspense num filme particularmente "parado", como dirá muita gente. Mas é nesses momentos calmos, e sem pressas nenhumas, que se conseguem captar melhor as emoções dos intervenientes, revelando as suas fraquezas, as suas forças, as suas loucuras, as suas convicções. E esse é o ponto forte do filme. Não tenta fazer as cenas à pressa, dá-nos as situações mais diversificadas de um cenário de guerra, sem nunca perder de vista o lado mais humano dos militares.
Quanto à realização, é feita de um modo algo invulgar, sempre numa perspectiva muito próxima do actor, de tal modo que por vezes parece que estamos a assistir a um documentário, o que torna tudo um pouco mais real.
A fotografia é excelente, o tratamento dos cenários de guerra, quer no deserto quer na cidade de Bagdad são muito bem conseguidos.
Quanto a interpretações, as três personagens principais conseguem interpretar na perfeição três estereótipos de militares. Aquele que não sabe muito bem como lá foi parar, aquele que está ciente do seu papel mas que tem os pés bem assentes na terra, e aquele que é viciado no seu trabalho e na sua função. O último - e como se pode ver pela "tagline" do filme - é o centro de toda a história, e Jeremy Renner consegue interpretar o papel na perfeição.
Tudo o resto, deve ser visto a apreciado, porque está aqui um dos bons filmes do ano, vindo de mais um filme-surpresa, sem aqueles orçamentos bombásticos da indústria de Hollywood, tal como "District 9" por exemplo. Será isto um sinal para a indústria norte-americana?

8/10

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