18 dezembro 2009

AVATAR

Ontem foi dia de ir à estreia de "Avatar", sem dúvida o filme mais esperado dos últimos anos, não só pelo regresso do James Cameron à realização cinematográfica depois de "Titanic", mas por toda a revolução na forma de fazer filmes que se anunciava aos sete ventos.
Para começar, de constatar que fui à sessão das 00h30 num dia de semana, e a sala estava praticamente cheia. Elucidativo.
Depois, e prevenido de antemão de que o filme seria uma espectáculo audiovisual muito bom, decidi-me a ver a película em 3D com uns oculinhos especiais. Até ontem, tinha visto poucos filmes em 3D, mas a experiência não tinha sido nada de extraordinariamente diferente das versões ditas normais.
Para começar, posso desde já adiantar que "Avatar" foi a maior experiência audiovisual que alguma vez presenciei. E foi isso que mais me marcou ontem. Sentimo-nos do início ao fim das 3 horas (sim, são três horas de filme, mas há filmes de hora e meia que custam mais a passar, não haja dúvida) completamente embuídos na atmosfera criada pelo imaginário de James Cameron. Sentimos cada objecto como se fosse nosso, vivenciamos todas as sensações como se tivéssemos mesmo em Pandora - o planeta em que se desenrola a história, habitado por Na'vi (uns seres azuis e com o dobro do "nosso" tamanho) e que contém um mineral super-hiper valioso, que alimenta a tão típica ganância humana (daí a presença dos terrestres naquele planeta).
Torna-se fascinante ver como o realizador aproveita as primeiras duas horas de filme para apenas descrever todas as belezas do seu planeta imaginário, como torna cada pedaço do cenário e da paisagem  num grande pormenor. O efeito visual é, durante este período, avassalador, contagiante e sedutor.
O povo Na'vi é quase que uma versão hippy dos humanos. Amor à natureza e a tudo o que ela envolve e desenvolve. Por outro lado, os humanos são pouco mais do que mercenários, salvo as devidas excepções.
Em relação à história - passada em 2156 -, não me parece o mais importante no meio disto tudo, dada toda a imponência inerente, mas relata o envolvimento de um marine paraplégico que se mistura com o povo alienigena, por forma a conseguir roubar-lhes os principais segredos e a conquistar-lhes confiança, em particular de uma habitante, que confere ao filme o seu lado sentimental e mais romântico. De referir ainda que a forma como consegue aceder e introduzir-se no mundo dos Na'vi é pouco diferente de uma mistura de realidade virtual com evolução e manipulação genética.
A estória por si só não é excelentemente bem contada nem nada de original e tem algumas coisas bem dispensáveis, como a previsível batalha entre bons e maus, lá mais para o final, e a transformação definitiva do marine num ser pertencente ao povo alienígena. Mas o objecto criativo de James Cameron tinha que ter um fio condutor, e este acaba por não sair mal, apesar de alguns clichés.
Aquilo que marca este filme é mesmo toda a sua envolvência cénica e a emoção que transmite para fora do ecrã e que nos faz pensar naquilo que o ser humano faz a si próprio e aquilo que poderia fazer.
Um filme perfeito e épico no que diz respeito aos efeitos especiais e criações cénicas, que o tornam numa grande experiência cinematográfica, especialmente em 3D. E é isso que vai ficar marcado na minha memória.

8/10

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