04 março 2010

A Serious Man

"A Serious Man" é o mais recente filme dos irmãos Cohen, nomeado para os Oscars, depois dos dois últimos grandes sucessos "No Country For Old Men" e "Burn After Reading", películas das quais sou fã e que me fizeram investigar melhor a filmografia dos manos.
"A Serious Man" é o mais estranho filme que vi desta dupla.
"A Serious Man" está carregado de humor negro (escuro, escuro, escuro), um humor que chega a incomodar. É uma crítica profunda aos costumes de uma família judaica da segunda metade do século XX. É um filme cheio de mensagens subliminares, que muitas vezes me deixaram à deriva.
Diria que é o filme mais pessoal dos irmãos Cohen. É o filme em que menos se preocuparam com aquilo que estavam a fazer, em que se deixaram levar pela sua (estranha) vontade.
A história relata o quotidiano (e é mesmo isto que o filme pretende ser... O quotidiano banal) de um professor de Física e - em menor escala - do seu filho (um protótipo seu) numa pequena cidade americana. Todo o filme apresenta-nos essencialmente pensamentos, desejos ostracizados pela sua opção religiosa,  tentativas frustradas de resolver os problemas da sua vida, procurando ajuda em "rabis" de todo o género e espécie, sarcasmo em relação a toda a envolvente religiosa que as pessoas aplicam no desenvolvimento da sua vida, hipocrisia e falta de sinceridade/honestidade. E tudo isto acontece porque está rodeado de uma família típica e disfuncional.
A ironia começa logo no título. Fala-nos de um homem sério, mas o filme é tudo menos isso -e pelo menos em parte. Fala-nos de pessoas que tentam impor as suas vontades, tendo por base as suas crenças religiosas e deturpando as realidades dos factos, ajustando-as às suas necessidades e desejos, e de pessoas "inocentes" que se deixam levar por toda essa envolvente. Neste caso, é mesmo a personagem principal - interpretada de forma magnífica por Michael Stuhlbarg -, um homem culto e racional que se deixa engolir por toda a irracionalidade da vida religiosa e que rege todos os seus princípios por ela.
Não é um filme fácil, a comédia não é directa nem nos leva a rir às gargalhadas (se se pode aplicar o termo "comédia inteligente", é neste filme), mas é um ensaio irónico acima de tudo, que critica toda uma comunidade judaica, mas que não deixa de se aplicar aos nossos tempos e a todas as comunidades.
O trailer pode ajudar imenso a perceber algumas das mensagens do filme.
Em resumo, é mesmo um filme estranho, com um final de nos deixar "Então, foi isto?!". Mas o quotidiano é mesmo assim. 
Acho que da próxima vez que vir o filme vou gostar mais.

7/10

0 retro-introspecções:

Free Hit Counter