Dia dezoito de março do ano da graça de dois mil e dez.
Vinte e duas horas.
O cenário simples mas bastante original está pronto, o ambiente intimista está prestes a ser conseguido.
Victoria Legrand e Alex Scally, acompanhados por um músico convidado a tocar instrumentos de percussão, sobem ao palco do belo auditório principal do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
Os Beach House estão prontos para enfeitiçar as pessoas presentes no auditório bem composto.
A manobra de mágica começa com "Walk In The Park", umas das músicas mais aclamadas do duo, e segue com "Lover Of Mine" e "Gila". Mas, curiosamente, achei que a banda (e particularmente a vocalista Victoria) não começou com a energia toda. Essa apareceu para ficar a partir de "Norway" - umas das mais aplaudidas da noite - e da belíssima "Silver Soul", e as coisas começaram realmente a aquecer, a ficar mais aconchegantes e mais vivas, muito à custa da fantástica voz desta francesa com formação clássica. É um encanto ouvi-la. Quase que apetece saltar da confortável cadeira e começar a aplaudi-la desenfreadamente assim do nada (mas parecia mal ter tal atitude, perante um público tão atento e compenetrado).
A voz da Victoria aquece-nos o coração, as melodias do Alex embalam-nos e as batidas do baterista (que me perdoe, mas não sei o nome do indivíduo, nem eles o anunciaram) ritmam-nos. A simbiose está conseguida, e estende-se na perfeição ao longo de cerca de uma hora e dez de concerto.
As passagens por álbuns anteriores não foi muito significativa, tirando "Gila", "Heart Of Chambers" e "Astronaut" - já no encore, e quase que a pedido de um fã. Aliás, se a memória não me falha, não houve qualquer recuo às origens do primeiro álbum, e isso explica em muito a ascensão a pulso desta banda de Baltimore, que foi sendo cada vez mais conhecida (ou menos desconhecida, depende do ponto de vista) com a passagem dos anos, e que acaba por não necessitar de recorrer às músicas iniciais para fazer um reportório bem competente, diversificado e ao mesmo tempo coerente.
E no fundo é assim que se pode resumir o concerto dos Beach House ontem à noite. Não houve espaço a grandes improvisações - a música que fazem também não pede isso -, mas sim ao fluir calmo das músicas mais marcantes da banda, num ambiente mágico que acabou por seduzir fãs e menos fãs (que também por lá se encontravam).
Para os últimos momentos, os Beach House brindaram-nos com duas das mais belas músicas que eles têm: a fechar a primeira parte do concerto, "Take Care", e a fechar o encore, a música que eu pessoalmente mais aguardava poder ouvir, e que por momentos me passou pela cabeça não poder fazê-lo. Falo de "10 Mile Stereo".
A fechar a descrição do concerto, deixo parte de "Better Times", em que penso que se consegue transmitir melhor do que muitas palavras o ambiente criado pelo trio e vivido naquela sala.
Findo o concerto, houve ainda direito a sessão de autógrafos e fotografias com o duo, que - pareceu-me - já estava meio "tocado" pela bela mini portuguesa. Deu para descontrair um bocadinho com malta sem vedetismos e sem manias de estrelas. A Victoria ainda me pôs a mãozinha no ombro e chamou-me "filho", o que me parece ser bem elogioso.
Aqui fica a foto para a posteridade:
2 retro-introspecções:
Acho que tocaram uma música do primeiro álbum: Apple Orchard. Mas sem certezas...
De resto, excelente descrição Bruno. Acho que a ressalva ao baterista é mais do que merecida. Teve momentos de brilhantismo o rapaz (à semelhança da Vikie e do Alex).
Abraço.
olá. podes fazer o download da gravação audio do concerto de beach house em guimarães aqui: http://ashtapes.blogspot.com/
o ashtapes é um blog novo onde vamos postar gravações audio de concertos, mixtapes, novas bandas, etc. espero que nos visites.
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