Mostrando postagens com marcador Literatura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Literatura. Mostrar todas as postagens

16 julho 2010

"O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde

E ao único romance do autor irlandês, sai uma verdadeira masterpiece e um clássico da literatura contemporânea mundial.
"O Retrato de Dorian Gray" não é mais do que uma história sobre as "magias" que um pintor de alto gabarito consegue incorporar no retrato da pessoa mais bela que alguma vez viu, um jovem de nome Dorian Gray. Não se desvendam mais pormenores, porque penso que o ideal será descobrir por nós próprios aquilo de que trata o livro. Mas este fala-nos da Alta Sociedade londrina do Século XIX, das festas, do requinte, da filosofia... Isto em termos latos.
De forma mais aprofundada, e centrando-se na personagem principal, "O Retrato de Dorian Gray" é uma reflexão profunda sobre as prioridade do homem, o amor, a morte, a inocência, a crueldade, o crime ou o sofrimento.
Com uma narrativa bem ritmada, Oscar Wilde consegue motivar e entusiasmar todos os seus leitores, deixando de lado descrições maçudas e optando por diálogos entre diferentes personagens que nos permitem conhecer o modo de pensar da nobreza inglesa da época, conhecer o seu estilo de vida.
É um interessante exercício intelectual que confronta o bem e o mal, a beleza interior e exterior, o amor sincero e interesseiro e toda a oposição de sentimentos que se possam imaginar.
Um livro que deve ser lido, porque está aqui uma grande obra!

9/10

"O Arquipélago da Insónia", de António Lobo Antunes


Acho que estou a começar a desenvolver com António Lobo Antunes uma relação de amor-ódio. Se por um lado, todos os livros dele me fazem andar um (bom) bocado à nora, é um facto que não consigo descolar das histórias, do modo de escrita, da utilização linguística.
É sem dúvida o autor que mais trabalho me dá ler. Deixar um capítulo a meio é impensável, pois todo o raciocínio - se é que ele existe! - vai por água abaixo. A forma de expor a história é sem dúvida original, uma vez que tudo acaba por ser contado tendo por base as ideias e o cérebro de cada uma das personagens (umas mais do que outras), e este livro não é excepção.
"O Arquipélago da Insónia" relata-nos a história de uma família ribatejana, espalhada por três gerações, passando por avós, pais e filhos, mas a história centra-se num dos netos, com particularidades psicológicas muito especiais que vão sendo descobertas ao longo do livro. A história é banal e recorre-se daquilo que as suas personagens se lembram e recordam aleatoriamente, sendo para tal necessária uma grande ginástica mental por parte do leitor. Mas sem dúvida que se torna empolgante ir descobrindo as personagens aos poucos, através da escrita metafórica, enigmática e em forma de puzzle que Lobo Antunes nos oferece, apesar de requerer grandes níveis de atenção que, nos primeiros capítulos, nos poderão levar à dispersão e à perda de interesse.
Este não é o melhor livro que já li dele, foi complicado de o ler, mas deixou-me, de uma forma quase que masoquista, com vontade de descobrir mais da obra de António Lobo Antunes.
 
6/10

20 junho 2010

José Saramago 1922-2010

José Saramago morreu aos 87 anos.
O único falante da língua portuguesa premiado com o Nobel da Literatura.
O mestre da Língua Portuguesa. O génio das narrativas. O malabarista das palavras.
Saramago é o escritor que mais gozo me dá ler. Tem um estilo de escrita muito fluído, muito próximo do pensamento, e aborda as histórias sempre por um lado que aprecio imenso.
Parte o homem, ficam as palavras, as ideias e as convicções. Ficam as obras literárias de superior qualidade.
Saramago sempre foi polémico. Um homem de paixões e ódios, que muitos teimam em continuar a dizer mal, simplesmente porque é comunista e ateu. Nem sequer conseguem dissociar esses seus pensamentos extremistas dos seus eloquentes e envolventes livros. E é isso que me deixa triste. Ver que o grande exportador da Língua Portuguesa além fronteiras continua a ser quase que desprezado em Portugal, e venerado por esse mundo fora. Simplesmente porque não se consegue separar as águas.
Teve atitudes controversas? Defende ideologias com as quais não concordo? Sim! Mas nada disso faz apagar aquilo que realmente me interessa na sua vida. E no fundo aquilo de que todos se lembrarão daqui a 100 anos serão os seus livros. 
Daqui a 100 anos será considerado um marco da Literatura Portuguesa - se é que já não o é -, ao lado de Camões, Pessoa ou Eça. Será lembrado como o primeiro Nobel da Literatura Português, será relembrado pelas aventuras enfabuladas de "Memorial do Convento", pela crueldade humana de "Ensaio Sobre a Cegueira", pela dimensão histórica de "O Ano da Morte de Ricardo Reis", pelas convicções religiosas de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo".
Pouco me importa se viveu em Portugal, em Espanha ou no Pólo Norte. A verdade é que nunca deixou de escrever na língua-mãe, a verdade é que viu os seus livros traduzidos para 46 línguas distintas.
Saramago morreu, mas reservou o seu lugar na eternidade da cultura portuguesa.
Felizmente, deixou uma obra extensa, da qual ainda não li nem metade, o que me deixa bastante contente por ter a oportunidade de continuar sentir os seus escritos.
Obrigado, Saramago, por todas as horas de puro entretenimento que já me proporcionaste e que me vais continuar a proporcionar.

06 abril 2010

“Lolita”, de Vladimir Nabokov

Dolores Haze – mais conhecida por Lolita – é uma jovem rapariga norte-americana de 12 anos, igual a todas as outras. Humbert é um homem russo de meia-idade com predilecção por “ninfitas” (nome que dá a raparigas que ele diz terem olhares e mentes absolutamente provocantes) e que viaja para os EUA depois de um desgosto amoroso na adolescência e de um casamento sem amor, frustrado e com traições em Paris.
Desde o início sabemos que a personagem principal está em vias de ser condenado em tribunal, sendo que este livro funciona basicamente como uma auto-psicanálise, narrado pelo personagem principal. Humbert é obcecado por jovens a entrar na puberdade, e faz de tudo para conseguir estabelecer uma relação (seja de que tipo for) com uma delas, Lolita. A partir daí, e mediante uma prosa escorreita, são-nos dados todos os detalhes e pormenores da vida da personagem principal, é-nos fornecida a sua visão de todos os acontecimentos desenvolvidos.
O livro não é mais do que todo o enquadramento da relação pedófila, criminosa, ciumenta e obsessiva entre ambos. “Lolita” não consegue passar indiferente a ninguém. A escrita é soberbamente bem conduzida e orientada.
É um livro pesado com uma história que choca sem nunca ser demasiado explícita ou gráfica, feito conseguido com grande mestria por parte do autor russo. Um livro a não perder.
Depois de ler o exemplar, fui investigar e “descobri” dois filmes, um dos quais do Mestre Kubrick. A investigar num futuro muito próximo.

9/10

20 março 2010

Capitães da Areia

"Capitães da Areia" é um dos livros mais vendidos da história da literatura brasileira, escrito por Jorge Amado e que tem por base a história verídica de uns miúdos sem-abrigo de Salvador da Baía que faziam da vida criminosa o seu dia-a-dia.
"Capitães da Areia" não é mais do que o relato da vida dos Capitães da Areia, das aventuras e desventuras do núcleo duro do grupo, dos amores, das amizades, dos esquemas, das burlas, dos crimes.
É um retrato algo crú da sociedade brasileira dos tempos da ditadura, que nada fazia para além de discriminar estas crianças (digamos que algumas vezes com razão), mas este livro dá-nos a possibilidade de conhecer o outro lado. O lado dos meninos que foram mal-tratados, abusados, despejados na rua, levando a que desenvolvessem pela sociedade o mais puro sentimento de ódio e raiva.
"Capitães da Areia" não deixa de ser um relato de amizade, de camaradagem, de valentia e, acima de tudo, de esperança. Um livro que nos é oferecido por um excelente contador de histórias, com uma dinâmica muito boa e repleta de alegria, tristeza, morte, vida, amor, vingança, amizade.
Um livro que não nos deixa indiferente e que nos faz, por diversas vezes, colocar no lugar daqueles criminosos (reais) e tentar compreender o seu ponto de vista.

8/10

19 outubro 2009

Saramago "chocou" o país...

... com esta declaração, na apresentação do seu mais recente livro, "Caim".
E eu pergunto: Porquê?
Por dizer aquilo que pensa?
Por dizer de forma nua e crua o que muitos tentam embelezar?
Por estarmos num país retrógrado e conservador?
Por tentar abrir alguns olhos, que muitos teimam em manter fechados?

Eu sinto-me bem por haver em Portugal um escritor tão genial e magnífico como Saramago, e não ter medo de dizer aquilo que acha, da forma que acha. Mesmo que muitas vezes não concordemos com as suas ideias.
Fazem falta mais Saramagos neste país de bons costumes.

Por fim, e para amenizar a conversa, deixo este comic:
E esta frase final, que atinge níveis de humor bem elevados:
"Deus fez o universo em seis dias, descansou ao sétimo, e até hoje nunca mais fez nada."
Só faltou dizer que Deus é português.

20 maio 2009

Cândido ou o Optimismo - Voltaire

Voltaire foi um escritor e filósofo francês Iluminista e anti-clerical do Séc. XVIII.
Este "Cândido ou o Optimismo" é um livro fantástico, de ritmo alucinante e que nos leva a 3 continentes. Relata a vida de Cândido, um jovem apaixonado e optimista que foi expulso do palácio em que vivia, precisamente por causa de um amor proíbido.
A partir daí, a trama sofre todos os imprevistos, todos os males, mas a sua visão alegre e simpática da vida continua, passando pelo terramoto de Lisboa, pelas invasões bárbaras, pela podridão da América do Sul coberta de sangue, ou pela escravidão vivida em Constantinopla. As pessoas traem, enganam, matam, mas tudo é assim porque tudo é perfeito. Esta é a visão do jovem.
Uma excelente sátira, não só à visão optimista do mundo, mas também à Igreja e ao seu papel na "Cristianização" dos povos americanos, para além das diferenças entre ricos e pobres.
Um livro delicioso e muito fácil de ler.

8,5/10

15 maio 2009

A Viagem do Elefante - José Saramago

Depois de ter lido algumas das obras-primas do autor - "O Ano da Morte de Ricardo Reis" ou "Memorial do Convento" -, decidi avançar para o mais recente livro do Nobel da Literatura'98, escrito durante uma altura de grande debilitação do escritor, que esteve gravemente doente.
Pois bem, "A Viagem do Elefante" é uma obra diferente das que li até agora de Saramago. E é diferente porquê? Porque apresenta-se como uma história mais leve, mais solta, sem no entanto nunca perder a base histórica da criação do livro.
O livro fala mesmo daquilo que diz o título. Da viagem de um elefante asiático e do seu fiel tratador indiano (cornaca) desde Lisboa, onde estava, pertença do Rei D. João III, até Viena, depois de ter sido uma prenda do rei português ao Arquiduque Maximiliano, primo da rainha de Portugal e futuro imperador da Áustria.
Todos os passos dados pela comitiva - em Portugal, chefiados por um Capitão português, de Espanha para a frente, chefiados pelo próprio Arquiduque - foram minuciosamente seguidos, e a partir daí, desenvolve-se a história ficcional. No entanto, e tendo em conta as obras que já li do autor, este livro fica um pouco aquém das expectativas, sem deixar de ter alguns momentos deliciosos, como as atitudes quase humanas do elefante. O animal, ser estranho nas terras europeias, causava furor por onde quer que passasse, e acabou por ser bastante "famoso" por ter evitado esmagar um criança de 5 anos, na sua chegada a Viena, devolvendo-a com a tromba aos pais.
Uma história engraçada, leve e que revela a grande cumplicidade que se pode criar entre os animais e as pessoas.
Um bom livro.

7/10

10 abril 2009

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro - George Orwell

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é um clássico da Literatura Contemporânea.
E não é difícil perceber por quê. Escrito numa altura conturbada da História do Séc. XXI - 1949 -, marcada pelo período pós-Guerra, onde as ditaduras de extrema-direita foram condenadas e aniquiladas e as de extrema-esquerda foram praticamente ignoradas, com um enorme e generalizado assobio para o lado...
Este livro foi idealizado precisamente para criticar o regime ditatorial em voga na altura. O Estalinismo, na Rússia.
1984 é uma obra que nos mostra o lado mais sombrio (e único, direi eu) de um regime onde não se preza a liberdade do ser humano.
No fundo, e sendo que foi escrito no final da década de 40, o livro não é mais do que uma previsão do futuro, no ano que dá nome à obra.
Ele relata a forma de vida um membro do partido, que trabalha para o partido e que não "sente" a ideologia do partido. Todos os passos, de todos os cidadãos, são completamente controlados por câmaras e ecrãs de TV. Não há espaço a relações humanas, apenas trabalho. A vida resume-se ao trabalho e ao ódio por todos os que não são pró-partido. E neste aspecto, é interessante, ao mesmo tempo que chocante, a facilidade de manipulação das massas, com discursos que dizem aquilo que todos querem ouvir, mas que não se dão ao trabalho de pensar.
Com uma narrativa envolvente, viva, crua, dura e realista, temos aqui um livro que não pode passar em branco na cultura literária de qualquer ser que preze a liberdade. É um "abre-olhos", uma lição de vida, é a exultação dos direitos humanos.

9/10.

Free Hit Counter