José Saramago morreu aos 87 anos.
O único falante da língua portuguesa premiado com o Nobel da Literatura.
O mestre da Língua Portuguesa. O génio das narrativas. O malabarista das palavras.
Saramago é o escritor que mais gozo me dá ler. Tem um estilo de escrita muito fluído, muito próximo do pensamento, e aborda as histórias sempre por um lado que aprecio imenso.
Parte o homem, ficam as palavras, as ideias e as convicções. Ficam as obras literárias de superior qualidade.
Saramago sempre foi polémico. Um homem de paixões e ódios, que muitos teimam em continuar a dizer mal, simplesmente porque é comunista e ateu. Nem sequer conseguem dissociar esses seus pensamentos extremistas dos seus eloquentes e envolventes livros. E é isso que me deixa triste. Ver que o grande exportador da Língua Portuguesa além fronteiras continua a ser quase que desprezado em Portugal, e venerado por esse mundo fora. Simplesmente porque não se consegue separar as águas.
Teve atitudes controversas? Defende ideologias com as quais não concordo? Sim! Mas nada disso faz apagar aquilo que realmente me interessa na sua vida. E no fundo aquilo de que todos se lembrarão daqui a 100 anos serão os seus livros.
Daqui a 100 anos será considerado um marco da Literatura Portuguesa - se é que já não o é -, ao lado de Camões, Pessoa ou Eça. Será lembrado como o primeiro Nobel da Literatura Português, será relembrado pelas aventuras enfabuladas de "Memorial do Convento", pela crueldade humana de "Ensaio Sobre a Cegueira", pela dimensão histórica de "O Ano da Morte de Ricardo Reis", pelas convicções religiosas de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo".
Pouco me importa se viveu em Portugal, em Espanha ou no Pólo Norte. A verdade é que nunca deixou de escrever na língua-mãe, a verdade é que viu os seus livros traduzidos para 46 línguas distintas.
Saramago morreu, mas reservou o seu lugar na eternidade da cultura portuguesa.
Felizmente, deixou uma obra extensa, da qual ainda não li nem metade, o que me deixa bastante contente por ter a oportunidade de continuar sentir os seus escritos.
Obrigado, Saramago, por todas as horas de puro entretenimento que já me proporcionaste e que me vais continuar a proporcionar.
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