10 junho 2010

A Single Man

Será que um filme realizado por um estilista, que aborda a temática que lhe é mais próxima (a homossexualidade) e que tem no elenco um actor essencialmente conhecido pelas comédias-românticas-pipoca pode ser alguma coisa de importante na enorme indústria cinematográfica?
À partida, a resposta óbvia seria não. 
Um realizador (Tom Ford) sem experiência a criar um filme sobre o mundo interior de um homossexual deixa-nos logo de pé atrás. Mas a verdade é que "A Single Man" consegue ser poético sem pretensiosismos, consegue ser complexo com uma história simples, consegue prender-nos à história sem ter, aparentemente, grandes motivos para tal. E aqui o prémio terá que ir obviamente pela abordagem à temática.
"A Single Man" é a história de um professor homossexual de meia idade com todas as suas crises depois de, passados 16 anos de vida em comum, o seu companheiro morrer num acidente de viação. A trama desenrola-se em apenas 24 horas, com alguns flashbacks pelo meio, mas consegue retratar na perfeição todos os dramas internos e externos que um gay tinha que enfrentar na década de 60, onde a homossexualidade ainda era mais ostracizada do que nos dias de hoje.
O filme apresenta-nos algumas situações bem comuns, como a amiga que foi amante nos tempos de adolescência - interpretada por uma Julianne Moore que já teve desempenhos melhores -, o jovem que se sente completamente deslocado do mundo em que o querem colocar, ou a promiscuidade de um jovem adulto que tenta fazer de tudo para conseguir um lugar no mundo de Hollywood. 
O final acaba por não ser previsível, mas é bastante poético e belo.
A realização, o argumento e a fotografia estão ao mais alto nível, já para não falar da envolvente interpretação de Colin Firth que lhe valeu inclusive uma nomeação para o Oscar de melhor actor.
Um filme a ter em atenção e a não deixar escapar.

8/10

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