Conheço os The National há apenas três anos. Tomei contacto com eles em 2007, aquando do lançamento do sublime "Boxer", que imediatamente me deixou embasbacado e atordoado com toda aquela perfeição melódica e densidade musical. A partir daí, foi partir em busca de "Alligator", seu sucedâneo de 2005, que, embora sendo mais crú e menos trabalhado, é também uma obra de muito bom gosto, com a qualidade lá nos píncaros. Mas esta banda de Brooklyn constituída por membros de Ohio já cá anda há uma década, sendo que os dois primeiros álbuns foram mais discretos.
"High Violet" marca o regresso de uma das minha grandes pancas da música actual. Poder-se-á dizer que os The National continuam iguais a si próprios. Matt Berninger, na voz, é o perfeccionista obcecado de sempre; as guitarras, a cargo dos gémeos Dressner, são trabalhadas ao pormenor (mas só passam com a aprovação do "maníaco" Berninger) e os primos Devendorf encarregam-se do baixo e da esplêndida bateria - um cada, obviamente. Como dá para ver, isto é praticamente uma banda familiar, coadjuvada pelo génio do vocalista e autor de quase todas as letras.
Falando agora especificamente deste novo trabalho, "High Violet" apresenta-nos a mistura perfeita entre duas obras-primas. Contém a irreverência e a crueza de "Alligator", sem deixar a limpidez e as melodias perfeccionistas de "Boxer". Ou seja, "High Violet" consegue armazenar nas onze músicas que compõem o álbum o melhor de dois mundos.
"Terrible Love" a abrir dá-nos energia e distorção q.b., para logo nos servirem "Sorrow" uma das mais belas músicas, depressiva até dizer chega. Aliás, a onda obsessiva e claustrofóbica multiplica-se com tal intensidade em "Afraid of Everyone" que faz com que uma derivações da guitarra de toda a restante melodia se assemelhem a verdadeiros arrepios sentidos, num crescendo que vai envolvendo, envolvendo e envolvendo até terminar num momento ambience arrepiante com uma bateria em grande forma. Por falar em bateria, Bryan Devendorf é capaz de ser um dos melhores e mais inventivos bateristas da actualidade. The National é o que é também muito graças aos ritmos diferentes imprimidos pelo Bryan e dos quais são excelentes exemplos "Everyone's Ghost" e "Bloodbuzz Ohio". Aliás, o single de apresentação é um orgasmo de porco para mim: a aliar à batida absolutamente hipnotizante, surgem no final de cada refrão uns pratos em crescendo que conduzem a um devaneio das guitarras ao qual não consigo ficar indiferente.
Observando as letras atentamente, observam-se bem os traços da personalidade do autor, parece que ficamos todos a conhecer um pouco desta personagem, que foi pai há relativamente, influência que se nota em diversas canções. Desviar um pouco da nossa atenção para as letras irá deixar-nos maravilhados e seduzidos.
O restante material não referenciado é de qualidade indubitavelmente alta, merecia uma palavrinha, mas tornaria tudo isto mais longo e talvez repetitivo. Assim, e para terminar, "High Violet" é eloquente e cru, claustrofóbico e libertador. "High Violet" catapulta em definitivo os The National para o Olimpo da História da música. Está tudo dito. Resta não perder a oportunidade de apreciar tal obra-prima.
10/10
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