16 julho 2010

"O Arquipélago da Insónia", de António Lobo Antunes


Acho que estou a começar a desenvolver com António Lobo Antunes uma relação de amor-ódio. Se por um lado, todos os livros dele me fazem andar um (bom) bocado à nora, é um facto que não consigo descolar das histórias, do modo de escrita, da utilização linguística.
É sem dúvida o autor que mais trabalho me dá ler. Deixar um capítulo a meio é impensável, pois todo o raciocínio - se é que ele existe! - vai por água abaixo. A forma de expor a história é sem dúvida original, uma vez que tudo acaba por ser contado tendo por base as ideias e o cérebro de cada uma das personagens (umas mais do que outras), e este livro não é excepção.
"O Arquipélago da Insónia" relata-nos a história de uma família ribatejana, espalhada por três gerações, passando por avós, pais e filhos, mas a história centra-se num dos netos, com particularidades psicológicas muito especiais que vão sendo descobertas ao longo do livro. A história é banal e recorre-se daquilo que as suas personagens se lembram e recordam aleatoriamente, sendo para tal necessária uma grande ginástica mental por parte do leitor. Mas sem dúvida que se torna empolgante ir descobrindo as personagens aos poucos, através da escrita metafórica, enigmática e em forma de puzzle que Lobo Antunes nos oferece, apesar de requerer grandes níveis de atenção que, nos primeiros capítulos, nos poderão levar à dispersão e à perda de interesse.
Este não é o melhor livro que já li dele, foi complicado de o ler, mas deixou-me, de uma forma quase que masoquista, com vontade de descobrir mais da obra de António Lobo Antunes.
 
6/10

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