31 outubro 2009

Mariza no Coliseu do Porto

Ontem foi dia de ir ao Coliseu.
Mas foi tudo muito repentino e nada pensado. Uns amigos tinham ido no dia anterior e tinham adorado. Eu descobri que havia um segundo concerto agendado e lá tentei a minha sorte.
Os bilhetes estavam praticamente esgotados, não havia muita possibilidade de escolha... Mas não hesitámos e fomos na mesma.
O local era alto. Muito alto mesmo! O mais alto do Coliseu. E ficávamos mesmo por cima do palco. Em termos sonoros, não terá sido o melhor sítio para usufruir do concerto - os instrumentos tinham perfeito alcance, mas a voz nem sempre parecia estar a chegar nos "conformes".
Não obstante estes pequenos percalços, o espectáculo foi muito bom. Confesso que conhecia pouco da Mariza, para além dos grandes sucessos. Mas a fadista canta com alma, com garra e acompanhada por músicos de altíssima qualidade. O curioso é que um concerto de Mariza é muito mais do que um espectáculo de Fado. Definitivamente, deixou para trás essa designação, não deixando obviamente de parte as suas influências. A essência é Fado, mas também é muito mais que isso. É World Music, como é modo chamar. Temos a típica guitarra portuguesa, acompanhada da típica guitarra baixo, às quais se juntam a atípica guitarra acústica, o atípico piano e a atípica bateria. São elementos acrescentados no som de Mariza, que a tornam muito mais do que a melhor fadista do Mundo. Tornam-na numa das grandes artistas mundiais.
Para já, transborda simpatia e empatia com o público. Tem energia, torna o Fado uma coisa alegre, não descuida pormenores e não quer o protagonismo só para ela, distribui-o pelos restantes músicos - aqui, grande destaque para o baterista, que conquistou o público (apesar de ter cometido alguns erros - pareceu-me).
A voz da luso-moçambicana é de uma potência ímpar. Para tal, vejamos que cantou sem micro para um Coliseu á abarrotar, e arrepiava como se estivesse a usar o micro.
O momento alto foi mesmo o famoso "Ó Gente da Minha Terra", que foi interpretado no meio da plateia, e teve direito a umas lágrimas lá pelo meio, facto que levou o auditório à grande ovação da noite. Tocante, sem dúvida!
Portanto, ver Mariza é ver muito mais do que Fado. É ver emoção, alma, garra, alegria e interacção. Diria que Mariza caracteriza na perfeição as características portuguesas, e é com orgulho que a vejo a representar Portugal ao mais alto nível. Com certeza os estrangeiros ficarão com a melhor impressão sobre o nosso povo, disso não haja dúvidas!
Mariza é um dos grandes orgulhos nacionais, e ontem pude comprová-lo.

29 outubro 2009

Quando a liberdade criativa não tem limites


Vercorin é uma cidade suíça embutida nos Alpes.
Para além de constituída por casas típicas e absolutamente deslumbrantes, tem uma particularidade.
Existem imensas circunferências à volta das casas.

Fenómeno estranho, mas que só é conseguido com a abertura mental dos habitantes locais, aliados a um bom sentido de humor.
A ilusão de óptica do ângulo em que a fotografia é tirada provoca um efeito agradável e deveras curioso, só desvendado quando se obtêm fotos de outros ãngulos.

 
O link mostra-nos a imagem panorâmica.

27 outubro 2009

ATLAS SOUND - "Logos"


Atlas Sound é o projecto a solo de Bradford Cox (Deerhunter), aquele que eu considero o Manuel Cruz dos States (à devida escala, e sem querer cair em comparações de géneros) - simplesmente genial. Está envolvido em vários projectos, ajuda quando pode, quando quer, quando está inspirado.
"Logos" é editado num ano em que foi lançado um EP dos Deerhunter - depois de no ano transacto ter havido um álbum de Deerhunter e de Atlas Sound - e, segundo as crónicas, foi um álbum feito ao primeiro take, em que a ideia surgia, era gravada e de seguida surgia outra. Um álbum por instinto, portanto.


Este "Logos" transpira a sonoridade que me conquistou em Deerhunter. É tudo e não é nada de específico. Algum shoegaze a abrir com "The Light That Failed", ao qual se segue uma música acústica a lembrar Radiohead em "An Orchid". Tudo é feito com simplicidade de processos, onde tudo encaixa e flui na perfeição. E assim aparece "Walkabout", um dueto com Panda Bear dos Animal Collective, que traz um pouco de loucura, animação e luminosidade a um "Logos" que se mantém num lado mais nocturno, como é habitual. Depois chega "Shelia", um caso de amor à primeira vista comigo. É impressionante como a música é absolutamente viciante, apenas praticamente com uma guitarra à nossa frente (ouvidos).
"Quick Canal", que tem a colaboração de Laetitia Sadier dos Stereolab, é uma ode à música. O baixo a marcar o ritmo, a voz suave da francesa, todos os elementos que vão sendo introduzidos ao longo dos mais de 8 minutos da faixa... Música de paixões.
"Washington School" é, depois do dueto com Panda Bear (ou Noah Lennox, como preferirem), a segunda grande maluqueira de "Logos", com sons mais experimentais, para fazer a vontade ao amigo dos Animal Collective, certamente.
Para finalizar as referências (que foram a quase todas as músicas) "Criminals", "Logos" ou "My Halo" não ficam nada atrás daquilo que foi feito em "Microcastle/Weird Era Continued", o que me faz afirmar com certeza que Bradford Cox está em grande forma, cheio de ideias, e com isto vai aumentando a consideração que tenho por ele.

"Logos" de Atlas Sound entrou directamente para a minha lista de preferidos do ano, um álbum que sabe bem ouvir em todas as ocasiões, tal a diversidade e carga emocional que transporta.

9/10

26 outubro 2009

Carta ao S. Pedro

Senhor São Pedro,

Venho por este meio demonstrar o meu mais profundo desagrado com aquilo que se tem vindo a passar com o tempo que faz em Portugal. Sendo este o teu Ministério e a meteorologia a tua principal competência - confirmada por anciãos e até pelos meus antepassados -, senti-me na obrigação de falar directamente com o mais alto responsável pelo estado em que a meteorologia se encontra neste país à beira mal plantado.
Sinto saudades de ter chuva na altura da chuva. Estou farto do sol. E ainda mais revoltado fico quando reparo que, na minha única semana de férias de todo o ano, em pleno Agosto, apanhei mais chuva do que bom tempo. E pergunto eu: Será justo? A mim não me parece, até porque não tenho falhado os três Pai-Nosso's e as cinco Avé-Maria's que te prometi depois de ter apanhado a maior chuvada da minha vida no mais quente dia do ano. E não digas que eu tive a culpa de andar de havaianas, calções e toalha, porque o dia estava bem convidativo e os teus discípulos (aqueles que aparecem de manhã no Bom Dia Portugal) não previam nada mais do que um dia solarengo.
Tudo isto para te dizer que estou chateado. Chateado por ter mudado as bolas de naftalina da gaveta das camisolas de Inverno para a das t-shirts de Verão. E acabo por andar com roupa a cheirar a naftalina... O que nem sempre é agradável. Mas o grande problema passa-se na gaveta das camisolas de Inverno. A naftalina já lá não está, e quer-me parecer que, quando usar uma das camisolas da respectiva gaveta, o cheiro a mofo vai ser tão grande que vou ter que lavar aquilo tudo. Não preciso de te explicar as consequências da lavagem excessiva de roupa, quer para o ambiente e para o efeito de estufa, quer para o meu bolso (todos sabemos que as lavagens vão desgastando a roupa), pois não? Tu não nos dás bom tempo para nos castigares pela destruição da camada de ozono, e nós trocamos as bolas de naftalina do local apropriado e temos que lavar mais vezes a roupa... E assim entramos num ciclo vicioso para o qual não encontro resolução viável...
Como não me quero zangar a sério e ir para o Inferno fazer companhia ao Saramago - gosto muito dos livros dele, mas ele é comunista e bastante mais idoso do que eu -, vinha pedir que revisses este processo, porque acredito não ser o único a queixar-me do mesmo.
Devo acrescentar ainda que toda esta indignação deve-se ao facto de há uns dias ter comprado roupa para a estação fria, e afinal parece que podia poupar uns cobres e esperar pelos saldos de Janeiro.
O mínimo que espero da tua parte é que, para a próxima, me dês um sinal. Pode ser na festa da Afurada (à Póvoa de Varzim eu não vou). Posso estar tocado mas não me esquecerei, prometo.

25 outubro 2009

District 9

Ontem foi dia de ver District 9, um filme que levantou um grande hype à volta dele com um orçamento baixíssimo e com uma produção independente. Um filme que pretendia ser praticamente amador acaba em sucesso mundial, e eu não podia deixar de ver!
Em primeiro lugar, nunca gostei de filmes sobre aliens; acho até que nunca vi um desses filmes do início ao fim...
No entanto, com toda a crítica a elogiar o filme, a dizer que fugia bastante ao estereótipo habitual, é claro que tinha que ver para poder opinar. Apenas tinha receio que as minhas expectativas fossem demasiado elevadas e me levassem a não valorizar o filme devidamente.
"District 9" é muito mais do que um filme de aliens.
Explicando um pouco a história base, os aliens chegam à Terra enfraquecidos, frágeis, e com a sua nave avariada. E o bom ser humano arranja-lhes um sítio para poderem ficar. Um espécie de "Apartheid" dos tempos modernos, uma espécie de favela, com leis próprias (ou seja, sem lei), dos quais os aliens não podem sair. Como a população de Johanesburgo (onde a acção se desenrola) está descontente, decide-se por uma deslocação do D-9 para outro ponto mais distante da civilização.
E a partir desta alegoria (diria) forma-se toda a trama, sendo o filme apresentado em diversos estilos. Desde o documentário (para contar a história da personagem principal, Winkus, vista de fora), ao noticiário de TV (para termos o background da chegada dos aliens), passando pela câmara na 1ª pessoa (ao bom estuilo de Metal Gear Solid), câmaras de vigilância e a forma mais "normal" de rodar um filme.
Há de tudo, e logo toda esta dinâmica dá um "gosto" especial à película.
Depois, a história.
Este não é um filme de aliens maus e vingativos e humanos bons e defensores do seu planeta. Os aliens não pretendem invadir e dizimar todos os habitantes terrestres. Os aliens não são todos feios, porcos e maus. E o oposto não pode ser dito dos humanos.
Temos antes uma separação de dois mundos que tentam ao máximo não se misturar, não se compreender. Uns vivem sem lei, são excluídos da sociedade e sem governo. Os outros tentam ao máximo ignorar a sua presença, e quanto mais longe estiverem melhor. Penso que não será difícil estabelecer elos de ligação a realidades bem palpáveis na nossa civilização.
A juntar a toda esta "mensagem", temos acção e efeitos especiais q.b., por forma a contar a história de um humano (a personagem principal) que foi infectado por um líquido alienigena e que se está a tornar extraterrestre. Este facto torna-o o principal alvo de uma daquelas organizações que todos conhecemos, cheia de fachadas e com propósitos bem obscuros, tudo para conhecimento do funcionamento alien, para as razões de sempre... Assuntos bélicos.
As relações pessoais acabam também por ser bem exploradas, quer a relação humano-alien, humano-humano e alien-alien. Faz-nos pensar que não é necessário andarmos todos à batatada, e que uma existência em comum é bem possível e até desejável.
Assim, e concluindo, "District 9" apresenta-se como um filme que consegue chegar às massas, quase sem querer (diria), abordando assuntos muito "queridos" do grande público, como acção e efeitos, mas não sendo um filme sci-fi oco e sem conteúdo. Um binómio interessante e bem conseguido, que o torna num dos filmes mais aclamados do ano.

9/10

Que horas são?


Confesso que estes dias de mudança de hora me deixam sempre à nora.
Neste preciso momento, não sei se é 1:18 ou 0:18...
Não sei se é cedo ou tarde para me deitar.
Não sei se durmo mais um pouco ou se vou acordar demasiado cedo.
São demasiadas coisas para a minha lenta e apertadinha cabeça...

Que tal deixarem a hora sempre na mesma?

23 outubro 2009

The Knife - Audiovisual Experience

Os The Knife são suecos, fazem música electrónica e são fantásticos.
Conheci-os graças a Fever Ray, a vocalista deste projecto que lançou este ano um fantástico álbum.
E não posso estar desiludido com aquilo que descobri.
Além do disco "Silent Shout", encontrei um DVD que é mesmo aquilo que o título deste post diz.
Uma experiência! E daquelas bem loucas! O espectáculo completo está aqui, mas deixo deixo nesta página um cheirinho:

Que tal, hein?

22 outubro 2009

Rita Rato. Sinais da obtusidade política

Rita Rato é uma das novas deputadas do parlamento português.
Rita Rato é do PCP.
Rita Rato deu recentemente uma entrevista ao CM, em que se abordaram diferentes assuntos da sua vida, entre os quais o seu processo de entrada no Partido, a sua vida académica (é Licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais) e as ideologias do seu Partido.
A páginas tantas, faz umas perguntas a modos que mais complexas. E Rita Rato responde! Apesar de o fazer com algumas limitações, lapsos de memória, ou simplesmente por não poder dizer. Mas eu vou tentar ajudá-la em algumas questões - naquilo que souber, que também não é muito!

- Concorda com o modelo que está a ser seguido na China pelo PCC?
- Pessoalmente, não tenho que concordar nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na vida interna dos outros partidos.

- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros partidos?
- Não sei que questão concreta dos direitos humanos...

- O facto de haver presos políticos.
- Não conheço essa realidade de uma forma que me permita afirmar alguma coisa.

- Mas isto é algo que costuma ser notícia nos jornais.
- De facto, não conheço a fundo essa situação de modo a dar uma opinião séria e fundamentada.
Ora bem...
Comunismo na China?
Nunca ouvi falar. Ou melhor, ouvi, mas foram uns zumbidos. Pensei que fossem moscas à minha volta.
Além disso, não conheço a situação de presos políticos, não conheço a situação das torturas, nem sequer sei falar chinês para poder perceber. Mas eu até queria!
E qualquer dia ainda hei-de ir ao Tibete!

- No curso de Ciência Política e Relações Internacionais, não discutiu estas questões?
- Não, não abordámos isto.
E o meu curso de Política foi parecido com o de culinária. Não falámos de sushi nem de peixe-balão, porque podíamos ter uma intoxicação alimentar.
Não falámos de Comunismo porque infelizmente estive na Festa do Avante nesses dias.

- Como olha para os erros do passado cometidos por alguns partidos comunistas do Leste europeu?
- O PCP, depois do fim da URSS, fez um congresso extraordinário para analisar essa questão. Apesar dos erros cometidos, não se pode abafar os avanços económicos, sociais, culturais, políticos, que existiram na URSS.

- Houve experiências traumáticas...
- A avaliação que fazemos é que os erros que foram cometidos não podem apagar a grandeza do que foi feito de bom.

- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.

- Mas foi bem documentado...
- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.

- Mas não sentiu curiosidade em descobrir mais?
- Sim, mas sinto necessidade de saber mais sobre tanta outra coisa...
O Estaline só queria o bem do seu império.
O Estaline só entrou numa guerra em que apenas poderia sair vencedor... Estava dos dois lados e tudo! Tão bonzinho que era.
O Estaline só matou milhões de russos nessa guerra. Aliás, aqueles que tentassem recuar as linhas, eram abatidos por...russos. Também eram tantos, e o pão escasseava durante os gelados meses de Inverno.
Os gulags eram campos de férias, e passaram a ter mais sub-unidades quando os soviéticos foram conquistando campos de concentração nazis - esses sim! Eram maus, e sangrentos e violentos.
Além disto, "nunca li nada nem estudei nada do assunto".

Mas será que alguém acredita neste espécime?
Tudo bem que o Comunismo não tem um passado de orgulho, mas penso que agora estará ligeiramente diferente do "antigamente".
Não teria sido mais fácil dizer que as ideologias de há 50 anos já estão ultrapassadas e foram readaptadas, menina Rato.
Além disso, deve ter andado a faltar às aulas, a malandra.
Se foi para ir à Festa do Avante, está desculpada!

21 outubro 2009

Há surpresas ou não?


Simplesmente arrepiante.
Músicas destas fazem a minha terra parar de girar.

Quem fala assim...

O "Team America" é um grande filme, que culmina de forma brilhante num dos mais emocionantes discursos que já vi no mundo da 7ª arte.

Comovente e bem verdade!

19 outubro 2009

Saramago "chocou" o país...

... com esta declaração, na apresentação do seu mais recente livro, "Caim".
E eu pergunto: Porquê?
Por dizer aquilo que pensa?
Por dizer de forma nua e crua o que muitos tentam embelezar?
Por estarmos num país retrógrado e conservador?
Por tentar abrir alguns olhos, que muitos teimam em manter fechados?

Eu sinto-me bem por haver em Portugal um escritor tão genial e magnífico como Saramago, e não ter medo de dizer aquilo que acha, da forma que acha. Mesmo que muitas vezes não concordemos com as suas ideias.
Fazem falta mais Saramagos neste país de bons costumes.

Por fim, e para amenizar a conversa, deixo este comic:
E esta frase final, que atinge níveis de humor bem elevados:
"Deus fez o universo em seis dias, descansou ao sétimo, e até hoje nunca mais fez nada."
Só faltou dizer que Deus é português.

18 outubro 2009

The Soloist

Novo filme de Joe Wright, o realizador que me arrebatou com "Atonement" e que também realizou bem "Pride and Prejudice". Logo, tinha boas indicações que me levavam a ver o filme, isto para além dos dois protagonistas - Jamie Foxx e Robert Downey Jr.
A história do novo filme conta a vida de um génio da música (toca violoncelo e chama-se Mr. Ayers), que se torna esquizofrénico durante a sua estadia numa das principais escolas de música do mundo e passa a viver na rua. É uma história verídica, sendo que o filme foi baseado no livro escrito pelo jornalista que o "descobriu" a tocar violino apenas com 2 cordas, - tocar Beethoven deste modo deve ser obra! - aquando da necessidade de elaboração de uma crónica para o LA Times.
O filme desenrola-se basicamente à custa da relação (estranha) que ambos desenvolvem. O músico vive num mundo completamente à parte, vê a cidade, a pobreza, a música de uma forma que só ele entende, e o jornalista passa de egoísta a amigo do sem-abrigo, de desinteressado na vida a seu maior (e único) confidente.
De resto, o realizador tenta dar-nos ao máximo a perspectiva da vida de Mr. Ayers, levando a que o sintamos muito próximo de nós, que consigamos ver a sua realidade com os nossom olhos. O filme torna-se assim bastante visual em alguns momentos. Se não conseguimos sentir as emoções através da música (sempre presente durante as quase 2 horas de filme), sentiremos através das imagens na cabeça do esquizofrénico.
Pelo meio, são introduzidas as temáticas dos sem-abrigo em LA (são centenas de milhar a viver nas ruas), a solidão e, acima de tudo, a amizade.

Na generalidade, é um bom filme, mas que fica uns furos abaixo do soberbo "Atonement". Mas também são filmes completamente distintos entre si, e diferentes de tudo o que o realizador tinha feito até então - também não fez muito filmes, até agora.
Fantásticas interpretações de Robert Downey Jr. (um dos actores mais requisitados da actualidade) e de Jamie Foxx, que depois de "Ray" volta a ter uma interpretação absolutamente comovente!

7,5/10

Uma vitória demolidora

Estava em jogo a subida de divisão nas divisões inferiores do campeonato brasileiro.
A equipa com a qual competiam tinha ganho 5-1 com três penalties - uma anormalidade, pensarão os mais cépticos.
Restava marcar golos, muitos golos nos últimos minutos de jogo.
E não é que a equipa - o Viana - conseguiu marcar 8 golos nos últimos minutos?
O empenho do adversário é soberbo, acabando por se sentirem impotentes com tamanha vocação ofensiva do adversário. Poder-se-á dizer que não havia nada a fazer.

Absolutamente avassalador!
Isto sim, é futebol espectáculo!

17 outubro 2009

The X Factor 2009

Danyl Johnson. Um nome a ser seguido.



16 outubro 2009

Há coisas do diabo...

Um pastor foi vítima de violação por parte de um casal.

O "adereço" (chamemos-lhe assim) utilizado para a consumação do acto foi uma cenoura, comprada especificamente para o efeito.
Nem quero imaginar se a mercearia tivesse abóboras...

15 outubro 2009

VOLCANO CHOIR - "Unmap"

Volcano Choir é um projecto de dois amigos do Wisconsin - Justin Vernom (dos Bon Iver, e a razão que me levou a interessar por este álbum, depois do absolutamente fantástico "For Emma, Forever Ago" do ano passado) e o líder dos Collection of Colonies of Bees.
Justin Vernom empresta a sua voz ao projecto e o seu génio, o amigo faz uns arranjos musicais muito ao seu jeito, com o experimentalismo folk/rock a reinar durante todo este "Unmap".

O álbum abre com "Husk and Shells", que em alguns momentos faz-nos lembrar a magnífica "Lump Sum", naqueles sons mais clericais, por assim dizer. "Sleepymouth" é a primeira grande faixa, em que fica bem premente qual a função de cada um neste projecto. A cunha de Bon Iver está bem presente, mas o final da música não deixa escapar um pouco do math/rock que também caracteriza este projecto. "Island, IS" com os seus loops constantes torna-se contagiante, viciante, queremos que a música não mais acabe.
O experimentalismo continua em "Dote", "And Gather" e "Mbira in the Morass" (este último com algum cheirinho daquilo que Patrick Watson faz, até a voz do Justin Vernom sai meio esganiçada e diferente do seu habitual registo), mas estas são talvez as músicas menos conseguidas - atenção, não são nada más! Segue-se uma curta "Cool Knowledge" que nos deixa claramente a salivar. Mas não há nada a fazer, mal dermos conta, já se foi. Para o fim, ficam "Still", trazida em forma de ambience, misturada com umas vozes "electrónicas". São 7 minutos de nos levar aos céus, num crescendo não tão crescente como possamos imaginar, mas absolutamente divinal. Está aqui uma das obras major do ano, no que a canções diz respeito. "Youlogy" fecha "Unmap", quase à capella, e um coro (de igreja?) a fazer alguns acompanhamentos. Bonito.

Os Volcano Choir trouxeram grandes músicas à cena musical de 2009, isso é indesmentível. E aconselho vivamente que ouçam este "Unmap", tenham ou não gostado do "For Emma, Forever Ago". Porque gostarem deste último é meio caminho andado para não desperdiçar o primeiro. E vice-versa.

8/10

13 outubro 2009

Terrorismo em saldos?

"Al-Qaeda enfrenta crise financeira"

Como se vê, o Sócrates é que tem razão. A crise é mundial, e afecta todos, e nem os coitados dos terroristas, que querem continuar a fazer o seu trabalho em condições dignas, conseguem escapar à falta de recursos.
Como aterrorizar pessoas no Paquistão?
Como esventrar israelitas?
Como conseguir dinheiro para uma passagem de avião, para posteriormente o desviar contra um qualquer edifício?
Será que vamos ver hijackers profissionais em viagens da Ryanair ou da EasyJet?
Humilhante? Talvez.
Mas é o que se arranja...

Animais no circo

Vai agora entrar uma nova lei que proíbe a compra e a reprodução de animais selvagens, acto praticado maioritariamente pelos circos.
Acho bem.
É meio caminho andado para abolirem também os palhaços.

12 outubro 2009

THE XX - "XX"

Muito se tem falado por todo o lado do primeiro álbum desta banda londrina, e eu como sou um gajo que não gosta de fugir às modas (quando estas me parecem razoáveis e de excelente qualidade), e observando tamanhos elogios, era impossível passar indiferente e não ouvir este álbum.
A verdade é que estes putos de 20 anos (2 rapazes e 2 raparigas) fazem música de gente grande, de quem já anda nestas andanças há décadas.

Este "XX" apresenta-nos melodias sedutoras, sonoridades conhecidas mas reinventadas, transmitidas em "slows" com traços de R&B, soul ou pop, dando uns passinhos também pelo shoegaze e pela electrónica. Esta mescla de influências dá aos The xx (é mesmo em minúsculas) uma alma muito própria, e a sua personalidade assenta muito na complementaridade da voz do homem e da mulher.
Para além deste interessante traço teatral/dramático nas músicas da banda, temos sempre presente um forte baixo a marcar o ritmo, coajuvado por guitarras desenhadoras dos caminhos dançantes a seguir (gostei da expressão "guitarra serpentante", utilizada pelo Vítor Belanciano no Ípsilon).
A introdução do álbum é absolutamente avassaladora; "Intro" (a melhor introdução a um CD que já ouvi?) tem um instrumental que nos seduz por completo, caracteriza o som da banda e nos arrasta para ouvir as restantes faixas, que vão revelando uma consistência absolutamente notável. "VCR", "Fantasy" ou "Night Time" são de uma simplicade que até assusta, "Basic Space" ou "Heart Skipped a Beat" são mais elaboradas, mas a essência está lá, e o resultado final é tremendamente positivo. Depois, temos "Crystalized", "Shelter" e "Infinity", aquelas músicas que são absolutamente sublimes, dada a clareza de ideias e a simplicidade que emanam.

Com estas amostras, conseguimos experienciar as mais diversas sensações. Temos sons mais gélidos, mais frios, mais quentes, mais alegres, mais melancólicos. Mas uma coisa se mantém: a qualidade artística deste indivíduos, bem patente na forma como conseguem conjugar diferentes estilos, ideias e sensações num só disco, e mesmo assim não sairem "ao lado". Têm imensas influências, mas conseguem ser absolutamente originais. É isto que nos faz admirar este quarteto!
Um álbum absolutamente viciante e intimista! Dos melhores do ano, sem a mais pequena dúvida! Perfeito!

10/10

11 outubro 2009

"Popping" - Robert Muraine (Dança)

Ontem, pela primeira vez na vida, ouvi falar deste estilo de dança, o "popping".
E vi (pelos vistos) um dos melhores bailarinos da "cena" no programa da Fox Life, "So You Think You Can Dance".
O que ele faz é transcendental. É mecânico, orgânico, único.

Depois do programa e com a "fama", fez um anúncio para a marca de imobiliário IKEA.
O resultado final é este (auxiliado por uma colega bailarina que acaba ofuscada pelo talento de Robert):

Um commercial muito bem feito e com uma ideia bem interessante.

10 outubro 2009

Nobel da Paz

Um prémio cheio de boas intenções.

08 outubro 2009

Radiohead... Dissertação...

Há uns anos, fiquei maluquinho por uns gajos que tinham "música esquisita".
Uns tais de Radiohead.
E fui conhecendo a sua obra ao contrário.
Comecei pelo "Hail to the Thief" (2005, mais ou menos a altura em que lhes comecei a dar atenção), saltei para o "OK Computer" - a sua obra-prima, segundo muitos -, até que todos me passaram pelos ouvidos.
Não consigo dizer um que seja mau.
Não consigo dizer qual o mais perfeito.
Diria que todos o são, em ocasiões e estados de espírito diversos.
Obviamente, fiquei fã.
Dava tudo para ver um concerto deles ao vivo.
Infelizmente, tal ainda não se proporcionou - não vêm a Portugal e ir ao estrangeiro está, até esta altura, fora das minhas id€ias.
Sendo assim, ficaria contente com um DVD de uma qualquer actuação ao vivo.
Uma que contemplasse músicas de todos os álbuns.
Uma que que tivesse os grandes clássicos.
Uma que fosse bem longa!
Infelizmente, os Radiohead nunca fizeram o que qualquer banda nos tempos que correm faz.
Nunca lançaram um DVD digno desse nome.
Ou melhor, lançaram, mas apenas com músicas até 94.
Muito pouco, portanto (ainda para mais, tendo em conta que o "Pablo Honey" - o primeiro CD da banda - é o mais fraquito).
Há dias, andei a pesquisar na net por alguma coisa que satisfizesse alguns dos meus desejos.
Claro que não estava a contar encontrar excelente qualidade sonora e de imagem, já que seria forçosamente uma coisa mais amadora.
Mas encontrei este site brasileiro, que tem um concerto bem interessante dos Radiohead, em S. Paulo.
Pode ver-se no Youtube ou fazer o download das quase duas horas e meia de concerto.
A qualidade está longe da perfeita, mas dá para ir apreciando alguns momentos da mais fantástica banda da actualidade.
Tem a vantagem de dar para fazer o download.
Fica como DVD obrigatório.
Isto enquanto os Radiohead não se decidirem a fazer um DVD grandioso.
Ou enquanto eu não assistir a um concerto deles.
Isso sim, seria mágico!

07 outubro 2009

E quando pensamos que já se viu tudo em Televisão...

...Eis que surge esta pérola:



E aqui está a arma do crime:

Inenarrável.

04 outubro 2009

MUSE - "The Resistance"

Os Muse criam sempre uma grande expectativa à sua volta. Surpreenderam meio mundo com as suas músicas no início do século, e a partir daí conseguiram ir construindo uma carreira muito sólida, baseada sempre em bons álbuns e excelentes prestações ao vivo, com Matt Bellamy a demonstrar quase sempre a sua genialidade.
Obviamente, com todo o hype que circulava em volta do novo álbum da banda, as expectativas iam sendo cada vez mais elevadas. Toda os fãs (onde eu me incluo) esperam ouvir novas masterpieces, como quase todas as músicas de "Origin of Symmetry", mais de metade das de "Absolution" e algumas dos dois restantes álbuns. Todos nós gostávamos que os melhores momentos dos Muse estivessem todos reunidos no próximo CD (no caso, este "The Resistance").

Mas Matt Bellamy e Companhia já nos habituaram a não repetir fórmulas. Todos os álbuns apresentam variações significativas uns dos outros, e este não foge à regra. Só que a experiência não terá corrido tão bem - confesso que o "Black Holes and Revelations" também não me caiu no goto - e o resultado final pode ser mais divergente nas opiniões de fãs e críticos. Assim, na generalidade, "The Resistance" não é um álbum muito consistente, nem entusiasma por aí além, salvo algumas excelentes excepções.
O problema deste álbum, penso eu, é que tentaram ser demasiado épicos. - nota-se na duração das músicas, todas superiores a 5 minutos, ou perto disso. Quiseram construir hinos da música, e acabaram por inventar onde não se inventa (as guitarradas 'à la Queen' arruinam "United States of Eurasia", uma música que eu acho que percebo onde queriam chegar - o título dá uma dica -, mas que acaba por ser mal sucedida no seu todo; "Undisclosed Desires" dá-nos um R&B que não lembra a ninguém; a "Guiding Light" falta-lhe sal, algo que a faça destacar... Esta é aliás a segunda e última música com umas guitarradas um pouco dúbias e já conhecidas por grande parte do mundo...) e não inventar quando deviam ("Uprising", uma das melhores faixas do álbum, tem personalidade mas falta-lhe o devaneio de outros tempos, o toque de genialidade; "Resistance" e "I Belong to You" são outros exemplos típicos).
De resto, além das três já referidas, aprecio bastante "Unnatural Selection", e a "MK Ultra" também tem bons sons, apesar de alguns exageros aqui e ali. As 3 partes de "Exogenesis: Symphony" são, no seu todo, o melhor do álbum, muito bom mesmo! E aqui se nota a tentativa de fazer algo épico e teatral, algo mais diferente do que já tinham feito. Aliás, vai-se notando ao longo do LP nas letras e nos temas das músicas essa tentativa (falhada, a meu ver) de fazer algo que perdure no tempo, que marque uma época.

O álbum não é nada de extraordinário, mas o anterior também não o tinha sido, não ficando este atrás, sinceramente (na minha opinião). Mas, como já disse e repito, para os Muse as expectativas vão ser sempre muito altas. Algumas das inovações correram bem (Sinfonias a ouvir e a comprovar), outras coisas sairam mal e caíram um pouco no insólito/ridículo, e no global há 2 ou 3 músicas que se poderiam considerar dispensáveis... Mas com os erros se aprende, e não será por causa de "The Resistance" que deixaremos todos de gostar dos Muse, uma das bandas que mais paixões ou ódios move na actual cena musical!

6,5/10

02 outubro 2009

Memento

"Memento" foi, em 2000, um filme revolucionário que nos deu a descobrir um dos mais competentes realizadores dos tempos actuais - Christpher Nolan. À partida, trazia já excelente indicações sobre o filme, o que me levou a vê-lo.
O filme é, de facto, muito original. Não só no argumento, como na forma de realização e montagem. Consegue prender-nos muito bem durante as quase 2 horas de filme, deixando-nos a pensar sobre o que se irá passar a seguir. A particularidade que o distingue de outros thrillers do género (tentativa de um marido matar o violador e assassino da sua mulher) passa exactamente pelo desenrolar da história, que se processa do início para o fim. É isso que lhe dá a originalidade, é isso que nos deixa a pensar, que não nos permite abandonar o filme, porque queremos sempre saber o que se vai passar a seguir e que - obviamente pelo facto de o filme andar ao contrário - já se passou.
A meio do filme, tudo começa a encaixar melhor, e a percepção daquilo que vai acontecendo fica facilitada, mas o filme não vai deixando de nos surpreender até ao fim. Apesar de não ter um encanto pelas personagens principais (Guy Pearce e Carrie-Anne Moss), o filme consegue manter uma grande intensidade, não pela interpretação dos mesmos, mas pelo argumento, pela forma como o realizador consegue adquirir aquilo que quer de cada cena. O filme tem intensidade.
É sem dúvida um bom filme, que consegue fazer aquilo que muitos filmes nem sequer ousam tentar fazer: pôr-nos a pensar durante a película., a matutar sobre aquilo que se tem vindo a passar. Isso pode ser bom para uns, e mau para outros.
Um filme importante para a ascensão da carreira do realizador das últimas versões de Batman.

8/10

01 outubro 2009

"Praxes" na Universidade do Quebec (Canada)


Isto sim!, são verdadeiras formas de integrar os novos estudantes universitários.

(PS - não é para ligar à música, mas sim ao espírito e originalidade)

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