05 setembro 2009

Inglorious Basterds

Quinta-feira à noite lá fui eu em mais uma peregrinação a uma sala de cinema, para assistir a um espectáculo de um dos meus devotos realizadores: S. Tarantino.
Fui um fã tardio - desde Kill Bill -, mas sou fiel a tudo o que faz!
"Inglorious Basterds" não foge à regra das outras obras do autor, e é uma delícia do início ao fim.
Talvez seja uma delícia ainda maior.
A trama desenvolve-se durante a II Guerra Mundial, e a ideia para o filme não deve ter sido muito difícil de a ter. E só o mestre Tarantino a poderia transpor para a 7ª Arte. Matar Nazis - aqueles gajos que toda a gente odiava/odeia e que pareciam não morrer na proporção devida - era o sonho de qualquer pessoa que não fosse apologista da Propaganda, mas o absurdo de tal pensamento não ocorre a qualquer um, só aos génios. E aqui o objectivo é ainda mais ambicioso: destruir o nazismo e os seus principais mentores de uma cajadada só.
De resto, e em relação ao filme propriamente dito, não se podem apresentar falhar ao argumento, as interpretações estão brutais, os diálogos surrealmente deliciosos não falham, sejam em que língua forem - o filme é sempre falado na língua de origem das personagens, oscilando entre o Francês, o Alemão e o Inglês.
A montagem do filme, dividida por 5 capítulos, dá-nos tempo para aclarar as ideias.
A relação momentos de diálogo/momentos de acção está muito bem explorada. Há tempo para desenvolver as personagens, com as fantásticas trocas de ideias desenhadas por Tarantino, moldar o seu papel no filme, dar-se a conhecer ao espectador. Nos momentos de acção, por assim dizer, vem a parvalheira total, o sangue, o choque, a espectacularidade.
Quanto à realização, o mestre consegue mexer tudo na perfeição, consegue focar a nossa atenção naquilo que ele quer, faz-nos estar sempre à espera do próximo momento, e acima de tudo, explora melhor que ninguém os trejeitos das suas personagens, dá-lhes realidade e não um ar plástico.
Na parte da representação, há que dar uma palavra especial a Brad Pitt e Cristoph Waltz. O primeiro está a tornar-se especialista em papéis cómicos ("Burn After Reading" e "Inglorious Basterds" são a prova disso), consegue ter prestações absolutamente delirantes, constrói muitíssimo bem a personalidade a adquirir. E o Sargento Aldo Raine é precisamente aquilo que devia ser - americano, sem nada na cabeça, bruta-montes, pacóvio, uma caricatura das forças armadas americanas. O austríaco Waltz vai tão bem no papel de vilão, que até já venceu o prémio de melhor actor do Festival de Cannes.
No geral, penso que o o conjunto de actores foi optimamente bem escolhido, e acima de tudo, bem dirigido. Todos têm prestações muito agradáveis.
Resumindo, são 2 horas e meia de filme que passam a uma velocidade estonteante., porque a história tem conteúdo, as personagens não são ocas, os diálogos estão lá porque têm que estar, não são para encher chouriços. Passa mais rápido do que qualquer uma dessas comédias românticas de 90 minutos que por aí pululam, e por isso desempenha o papel de filme de entretenimento melhor que ninguém, sem perder a qualidade. Melhor dizendo, filmes deste gabarito não os há por aí aos pontapés.
Apenas um pormenor, adorei as legendas a amarelo.
Um dos melhores filmes que já vi. Não fica atrás de nenhum dos melhores filmes de Quentin Tarantino.
Uma obra-prima, portanto.

10/10

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