07 julho 2009

DIRTY PROJECTORS - "Bitte Orca"

Dirty Projectors. Um nome a reter e que não pode ser esquecido. São umas das bandas mais originais da actualidade, juntamente com outros senhores da música, como TV On The Radio, Animal Collective ou Arcade Fire.
“Rise Above” – álbum de 2007 – é bom, mas o novo trabalho de Dave Longstreth e companhia roça o magnífico.


Guitarras desengonçadas, vozes esganiçadas. Como diz o Belanciano do Ipsilon, “… canta como se fosse um bom cantor a tentar ser mau. Canta como se fosse um mau cantor a tentar ser bom…” É talento puro, a desbravar por terrenos que podem parecer pouco seguros, mas que estão controladamente descontrolados. E toda a beleza do disco resulta disso mesmo – da loucura, do experimentalismo, das melodias sedutoras, das vozes.
“Cannibal Resource”, se não é a melhor forma de começar “Bitte Orca”, anda lá perto. Com ela, não será difícil de adivinhar a transcendência cénica e teatral que aí se avizinha. Passamos depois para “Temecula Sunrise”, que tem um minuto inicial de nos levar às nuvens. Que som! “The Bride” dá-nos uns ares mais rockalhados, que é para a malta se animar e para nos prepararmos para uma das mais fantásticas coisas que aconteceram neste ano musical, juntamente com “Snookered” (Dan Deacon), “My Girls” (Animal Collective) ou “Two Weeks” (Grizzly Bear). “Stillness is the Move” é das músicas mais perfeitas que posso pedir. Guitarra tresloucada, a batida e a voz fazem o resto. “Two Doves” é capaz de ser a música que menos aprecio do rol de 9 obras de arte, mas “Useful Chamber” recupera em grande o ritmo e a beleza musical, dá-lhe um ar mais R&B/blues e descontrolado, ao qual se juntam as deliciosas vozes, primeiro esganiçadas, depois quentes. O final é o delírio completo personalizado nas guitarras frenéticas e, por fim, em todas as misturas que fazem desta banda tão especial. “No Intentions” anda mais certinha do que seria de esperar, mas sabe muito bem! Em “Remade Horizon”, mais propriamente no refrão, entra um contrabaixo que se conjuga na perfeição com a aventura vocal que toda esta música é. É também aqui que aparecem ritmos mais africanos, que acabam por casar muito bem com toda a envolvência sonora. O álbum fecha com contrabaixo, violinos, e num ambiente já a convidar ao relaxamento, em “Fluorescent Half-Dome”, mas a identidade está toda lá.

“Bitte Orca” é o álbum do momento, um dos melhores álbuns do ano, e um álbum que fica para uma vida. Um obra-prima, portanto.


10/10

0 retro-introspecções:

Free Hit Counter